Acordo entre UE e Mercosul é rejeitado por ambos os lados

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Publicado Quinta, 07 de Dezembro de 2023 às 19:22, por: CdB

Na abertura da cúpula com líderes do Mercosul, neste manhã, Lula disse ainda que o acordo entre os blocos estabelecidos durante o governo do antecessor Jair Bolsonaro (PL) era "inaceitável", mas o texto agora é mais "equilibrado", embora insuficiente.


Por Redação - do Rio de Janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira que foi até onde pode com a proposta de um tratado entre o Mercosul e a União Europeia (UE), mas reconheceu que o esforço para concluir as negociações enquanto o Brasil ocupava a Presidência do bloco sul-americano, simplesmente "não deu certo".

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Após encontro com Lula, Macron afirmou ser contra acordo Mercosul-União Europeia


Na abertura da cúpula com líderes do Mercosul, neste manhã, Lula disse ainda que o acordo entre os blocos estabelecidos durante o governo do antecessor Jair Bolsonaro (PL) era "inaceitável", mas o texto agora é mais "equilibrado", embora insuficiente.

A negociação entre europeus e sul-americanos já se arrasta por 23 anos. Atual presidente do bloco formado por Argentina, Paraguai, Brasil e Uruguai – Venezuela está suspensa e a Bolívia, em processo de adesão – Lula esteve na Alemanha nesta segunda-feira, na tentativa de conquistar o apoio da maioria dos europeus, mas o esforço não foi bem sucedido.

 

Novos termos


Em julho, o Brasil assumiu a liderança do bloco. Na ocasião, Lula disse que aceitava rediscutir os termos do acordo, “mas não queremos imposição”.

— É um acordo de parceiros. Nada de um colocar a espada na cabeça do outro. Vamos sentar, vamos tirar nossas diferenças e ver o que é bom para os europeus, o que é bom para o Mercosul e o que é bom para o Brasil — acrescentou.

Ainda assim, o tratado não tem o apoio dos movimentos populares do campo e da cidade, tanto no Brasil quanto em países europeus, em especial a França. Para estes líderes, os termos precisam ainda ser rediscutidos, por uma série de razões.

Para integrantes da Via Campesina, do Movimento por Soberania Popular na Mineração (MAM) e Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip) e de outras organizações, o acordo é irreparável. E portanto, inaceitável.

 

Divergências


Durante a Cúpula Social do Mercosul, às vésperas da reunião de cúpula do bloco, que se encerrou nesta quinta-feira, as insatisfação foram explicitadas. E os movimentos pediram o fim das negociações.

— É um acordo complexo. Para um acordo dessa dimensão, um ano é insuficiente para tratar e rever aquele texto inicial apresentado pelos ‘desgovernos’ anteriores. Até que ponto é bom colocar o Brasil e os demais países do Mercosul como meros ‘pedintes de alterações’ (no texto)? A reabertura ou o próprio encerramento seria muito mais estratégico, dado que há uma divergência e uma desigualdade na relação de forças — reparou a representante da Via Campesina e do MAM, Raiara Pires.

Ao falar em “desgovernos”, Raiara refere-se às gestões dos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL), no Brasil, e Mauricio Macri, na Argentina. Durante esses governos foi definido o “grosso” do texto do acordo, que agora está oficialmente em processo de revisão.

 

Política externa


A economista Diana Chaib, pesquisadora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressaltou que o texto não beneficia o Mercosul.

— Esse acordo tem uma péssima visão de política externa. A União Europeia não está cedendo em áreas que nos interessam. Então, não é um acordo onde os dois saem beneficiados — concluiu a economista.

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