Abraço de Bolsonaro a neonazistas expõe tendência radical de ultradireita

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Publicado Segunda, 26 de Julho de 2021 às 10:36, por: CdB

O encontro simbólico ocorrido na semana passada reuniu; além de Bolsonaro, os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus seguidores divulgaram, nesta segunda-feira, a foto de uma reunião na semana passada com a líder da ultradireita alemã, Beatrix von Storch, neta do ex-ministro Ludwig Schwerin von Krosigk, chefe da pasta das Finanças do ditador Adolf Hitler. Sob o regime nazista foram dizimados cerca de 10 milhões de judeus, ciganos, deficientes físicos, mentais, comunistas, crianças e mulheres grávidas, em experimentos científicos terríveis. 
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A líder da ultradireita alemã, Beatrix von Storch, e o marido, o neonazista Sven von Storch, sendo abraçados pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido)
O encontro, na semana passada, reuniu; além de Bolsonaro, os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Foi na página da nazista alemã que apareceu, de plano, a foto do mandatário abraçado com ela e o marido, o neonazista Sven von Storch. Na legenda, Krosigk disse que os nazis alemães esperam “fortalecer suas conexões e defender nossos valores cristãos e conservadores em nível internacional”.

Extrema direita

O partido de Beatrix, o AfD, é conhecido pelo discurso radical anti-imigração, anti-semita e, agora, negacionista em relação à pandemia quando no Brasil, onde ela esteve com a autoridade máxima do país, já morreram perto de 550 mil vítimas da covid-19. A deputada alemã, por sua vez, é uma representante da ala ultraconservadora e em 2014 ajudou a levar a legenda, inicialmente uma agremiação eurocética, a adotar posições de extrema direita. Beatrix von Storch tem seu passado ligado ao nazismo. Pelo lado materno, ela é neta de von Krosigk, ministro das Finanças de Hitler por mais de 12 anos. Ele foi julgado e condenado pelo Tribunal de Nuremberg a 10 anos de prisão. O abraço à causa ultra-radical segue em linha com o discurso do então candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT), durante a campanha eleitoral de 2018, quando chamou Bolsonaro de “nazista f… da p…”. O Museu do Holocausto, em Curitiba, também se manifestou contra o encontro de Beatrix com autoridades brasileiras e afirmou que a AfD é “um partido de extrema direita com tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e com um forte discurso anti-imigração”.

Nazistas

“É evidente a preocupação e a inquietude que esta aproximação entre tal figura parlamentar brasileira e Beatrix von Storch representam para os esforços de construção de uma memória coletiva do Holocausto no Brasil e para nossa própria democracia”, disse a organização em nota, referindo-se à deputada Bia Kicis. O perfil Judeus pela Democracia também repudiou o encontro de Bolsonaro com a neta do nazista. “Pela terceira vez em dias a vice-presidente do partido extrema-direita alemão aparece com governistas brasileiros: presidente da CCJ, filho do presidente e agora o presidente do Brasil. Posam sorrindo e citando semelhanças com o partido xenófobo alemão. Sem rodeios: nazistas”, publicou em uma rede social.

Hitler

Na Alemanha, jornais noticiaram o encontro e destacaram as críticas de brasileiros à reunião. O jornal Welt destacou a nota do Museu do Holocausto. Já a revista Der Spiegel chamou Bolsonaro de “chefe de Estado populista de direita” e citou um tuíte da presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). ”Encontro de deputados bolsonaristas com parlamentar alemã nazista é deplorável. Combinam em tudo, xenofobia, discurso de ódio e postura antidemocrática. Não podemos deixar esse tipo se política se consolidar por aqui. O Brasil precisa livrar-se de Bolsonaro e do bolsonarismo”, criticou a líder petista. Em 2016, enquanto ainda era deputado federal, Jair Bolsonaro posou ao lado do candidato nazista a vereador no Rio de Janeiro, Marco Antônio (PSC), conhecido como o “sósia de Hitler”. Na foto, Bolsonaro aparece sorrindo ao lado do homem vestido igual ao ditador alemão, que ostentava broches militares no paletó e o usava o mesmo bigode e corte de cabelo característicos de Hitler. Goebbels Além disso, em 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, a conta no Twitter da bancada da AfD no Bundestag reproduziu uma mensagem do deputado Petr Bystron felicitando Bolsonaro pela vitória. “Jair Bolsonaro é um conservador franco que vem trabalhando para combater a corrupção de esquerda e restaurar a segurança e prosperidade para o seu povo”, disse em nota o deputado. “Como ocorre com a AfD, ele foi inimizado por todos os lados por ser um outsider que desafiou o sistema”, acrescentou o partido. Em 2020, o então secretário de Cultura Roberto Alvim, na gestão Bolsonaro, foi demitido após realizar um discurso que parafraseava outro, do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels. Alvim, no entanto, permanece nas graças do governo Bolsonaro.
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