UE cobra 'ambição' de Bush contra desafio climático

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Publicado Sexta, 01 de Junho de 2007 às 16:06, por: CdB

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos precisam ser mais ambiciosos nas suas propostas para combater o aquecimento global.

- Está claro que nós precisamos de uma posição mais ambiciosa da parte dos Estados Unidos -, disse Barroso em entrevista à edição alemã do jornal Financial Times.

As declarações do presidente do órgão executivo da União Européia foram publicadas um dia depois de o presidente americano, George W. Bush, propor reunir os Estados Unidos e outros 14 países para estabelecer novas metas de redução das emissões de gás carbônico até 2008.

Barroso, no entanto, disse esperar que a iniciativa de Bush signifique que os Estados Unidos estejam dispostos a colaborar com os esforços internacionais contra o aquecimento global, mas acrescentou que a Comissão Européia não está convencida de que a abordagem americana de encontrar soluções tecnológicas para enfrentar o desafio climático vá funcionar sem metas para as emissões de gás carbônico que sejam "mensuráveis" e "obrigatórias".

No discurso em que apresentou a sua proposta, na quinta-feira, Bush repetiu que a solução para o problema do aquecimento global será encontrada pelo desenvolvimento de novas tecnologias.

- Os Estados Unidos estão à frente -, disse Bush.

- O mundo está próximo de grandes progressos que vão nos ajudar a nos transformarmos em melhores guardiões do meio ambiente -, completou.

A resposta ambivalente à iniciativa do presidente americano ficou patente pelas discrepânicias entre as opiniões de dois comissários do bloco europeu.

O encarregado de Energia, Andris Piebalgs, definiu a proposta como uma "ótima notícia" de extrema importância.

Já o comissário europeu para o Meio Ambiente, Stavros Dimas, disse que as declarações de Bush não passavam de uma reafirmação da "clássica" política americana.

- A declaração do presidente Bush basicamente reafirma a linha clássica dos Estados Unidos sobre mudanças climáticas: nada de reduções obrigatórias, nada de comércio de créditos de carbono, e objetivos expressos de forma vaga -, disse Dimas, segundo o seu porta-voz.

- A abordagem dos Estados Unidos provou ser ineficaz na redução das emissões -, acrescentou.

O governo americano não ratificou o Protocolo de Kyoto, que estabelece metas para diminuição das emissões até 2012, e Bush disse que continua se opondo a metas obrigatórias porque elas prejudicariam a economia americana.

A proposta dos Estados Unidos também foi recebida com ceticismo por organizações ambientalistas, algumas das quais o acusaram de estar apenas tentando aliviar a pressão que sofre para fazer mais pelo aquecimento global nas vésperas do encontro do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia).

A expectativa é de que, no encontro, a Alemanha - que atualmente detém a presidência rotativa da União Européia - peça novos cortes nas emissões.

Na quinta-feira, a chanceler alemã Angela Merkel referiu-se à proposta de Bush como um passo possitivo, mas defendeu que a discussão das medidas para combater o aquecimento global seja feita no âmbito da ONU.

Merkel chegou a propor até 2050 cortes das emissões de carbono do mundo todo em 50% abaixo dos níveis registrados em 1990. Os Estados Unidos rejeitaram a proposta.
A reunião do G8 ocorre entre 6 e 8 de junho em Heiligendamm, na Alemanha.
 

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