Trump prepara a guerra

Arquivado em:
Publicado Quinta, 02 de Março de 2017 às 12:00, por: CdB

Uma coisa Trump não disse, mas seu orçamento aumentando as despesas militares -  enquanto corta as despesas com diplomacia,  proteção ao meio ambiente e contribuição a agências internacionais como a ONU - deixa claro que muito em breve os Estados Unidos estarão envolvidos em mais uma guerra no planeta.

Por José Inácio Werneck, de Bristol, EUA:

DIRETO-CONVIDADO11.jpg
O aumentando das despesas militares prenuncia guerra

No mesmo dia em que fez um discurso ao Congresso  - tecnicamente não é o State of the Union Address porque ele ainda não tem um ano no governo - em que caía em contradição entre as promessas que fez e os atos que vem perpetrando, Donaldo Trump encaminhou um orçamento prevendo em 54 bilhões de dólares os aumento das despesas das Forças Armadas.

Trump  quer também “modernizar” o arsenal nuclear dos Estados Unidos, “colocando-o no mesmo nível de outras nações”.

A realidade é que o arsenal atômico dos Estados Unidos é o maior do mundo, capaz de extinguir diversas vezes a vida humana no planeta.

As despesas militares dos Estados Unidos atualmente já são maiores do que as dos oito países seguintes.

Entre as muitas contradições do discurso de Trump estava a de que iria propor uma lei de reforma da imigração que permitiria a presença nos Estados Unidos de muitos imigrantes atualmente ameaçados de deportação.

Mas tal promessa, feita durante o dia, esteve ausente no discurso à noite. Terão os assessores de Trump convencido-o a mudar de ideia ou a promessa, como tantas outras, não era para valer?

Trump disse que o aumento da criminalidade nos Estados Unidos é o maior “do último meio século”. Na realidade, em 1991, há 26 anos, houve 24.703 assassinatos nos Estados Unidos, contra 15.691 em 2015.

Trump prometeu acabar com a epidemia de drogas no país construindo um muro que impeça a entrada dos “homens maus” nos Estados Unidos. O que veio primeiro, o ovo ou a galinha? A sede pelo consumo de drogas da população americana serve de imenso estímulo à entrada ilegal delas no país.

É, digamos, um claro exemplo da “força do mercado”.

Todos gostariam de ver um aprimoramento do chamado Obamacare, o plano de saúde adotado no governo Barack Obama.

A realidade é que Obama gostaria de ter adotado a “Opção Pública”. Ela daria ao cidadão o direito de ir ao consultório de um médico particular (e pagar caro por ele), se não quisesse ir a um médico empregado pelo governo.

É o sistema que existe, por exemplo, na Inglaterra. Quem não está satisfeito com o National Health Service sempre pode pagar para ir a um médico particular.

Obama não conseguiu adotar a “Public Option” porque a morte do senador Ted Kennedy e a subsequente perda da vaga no Senado pela eleição do republicano Scott Brown em Massachusetts privaram os democratas de uma maioria à prova de “filibuster”.

Trump abriu seu discurso com uma invocação “contra o ódio”. Lamentou o ódio conra os imigrantes, lamentou o ódio contra os judeus e lamentou o assassinato de um imigrantre indiano por um supremacista branco, na semana passada.

Mas persistiu em sua declaração de que vai erguer o “imenso muro” na fronteira sul, embora desta vez não tenha dito que vai obrigar os mexicanos a pagar por ele.

Como obrigaria?

Disse que “milhões de empregos” estão sendo criados porque está obrigando empresas americanas a trazer de volta suas montadoras para o país.

Na verdade, empresas americanas que trazem montadoras de volta para os Estados Unidos estão cada vez mais usando robôs e computadores para automatizar suas operações, contratando menos força humana.

Uma coisa Trump não disse, mas seu orçamento aumentando as despesas militares -  enquanto corta as despesas com diplomacia,  proteção ao meio ambiente e contribuição a agências internacionais como a ONU - deixa claro que muito em breve os Estados Unidos estarão envolvidos em mais uma guerra no planeta.

Vale lembrar que uma crítica que Trump fez ao governo de George W. Bush é de que ele “invadiu o Iraque mas não se apossou do petróleo”.

Na verdade, Bush pode não ter fisicamente se apoderado dos poços petrolíferos, mas deixou-os em mãos de um governo dócil às necessidades americanas.

Trump deixa claro que com ele a história será diferente. Quais são os três países na mira de seu imcremento em despesas militares?

O Irã, o Iraque e a Venezuela, todos riquíssimos em petróleo. Ele não vai simmplesmente estabelecer regilmes dóceis. Ele vai mesmo tomar o petróleo.

José Inácio Werneck , jornalista e escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou “Com Esperança no Coração: Os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos”, estudo sociológico, e “Sabor de Mar”, novela. É intérprete judicial do Estado de Connecticut. Trabalha na ESPN e na Gazeta Esportiva.

Direto da Redação é um fórum de debates, editado pelo jornalista Rui Martins.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo