Telegramas de Araújo expõem ativismo de Bolsonaro pela cloroquina

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Publicado Segunda, 10 de Maio de 2021 às 12:50, por: CdB

Ernesto Araújo prestará depoimento nesta quinta-feira na CPI da Covid, cujos trabalhos da primeira semana mostraram que o governo de Jair Bolsonaro tem insistido na adoção da cloroquina e outros remédios sem eficácia, como a ivermectina, para o tratamento da doença.

Por Redação - de Brasília

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo trabalhou para que fosse garantido ao país o fornecimento de cloroquina para tratamento da covid-19. Isso mesmo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter interrompido os testes com o medicamento, quando ficou claro que ele não era eficaz para o enfrentamento da doença.

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O chanceler Ernesto Araújo foi acusado pela oposição de 'lambe-botas' dos Estados Unidos e defensor da cloroquina

Telegramas diplomáticos que mostram o empenho de Ernesto Araújo com o medicamento ineficaz foram vazados para o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), que os publicou na edição deste domingo.

Araújo prestará depoimento na quinta-feira, na CPI da Covid, cujos trabalhos da primeira semana mostraram que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem insistido na adoção da cloroquina e outros remédios sem eficácia, como a Ivermectina, para o tratamento da doença.

Experiência

“A corrida do Itamaraty atrás da cloroquina começou pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro falar em ‘possível cura para a doença’ em suas redes sociais, em 21 de março do ano passado”, afirma a reportagem da FSP.

“Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com covid-19. Agora há pouco os profissionais do hospital Albert Einstein me informaram que iniciaram um protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia da cloroquina nos pacientes com covid-19”, escreveu Bolsonaro.

Segundo o conteúdo dos telegramas obtidos pelo jornal, “um dia antes, a Prevent Senior e o hospital Albert Einstein haviam anunciado que tinham iniciado estudos com o medicamento.

Indianos

Em declaração durante reunião do G-20, em 26 de março, relatada em telegrama, Bolsonaro apontou para ‘testes bem-sucedidos, em hospitais brasileiros, com a utilização de hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19, com a possibilidade de cooperação sobre a experiência brasileira’”.

No mesmo dia, mesmo não existindo nenhum “teste bem-sucedido” em hospitais brasileiros, o ministério das Relações Exteriores pediu, em telegrama, que os diplomatas tentassem “sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas antes referidas (EMS, Eurofarma, Biolab e Apsen) e outras que se encontrem em igual condição, cujo desabastecimento no Brasil teria impactos muito negativos no sistema nacional de saúde”.

Na época, o governo indiano havia restringido a exportação da cloroquina.

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