Sistema capitalista é alvo de críticas na Europa, constata Paul Mason

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Publicado Segunda, 14 de Junho de 2021 às 11:06, por: CdB

“Quando o (diário britânico) The Guardian perguntou aos jovens europeus como a pandemia fazia-os se sentirem, era de se esperar um excesso de frustração. Mas o que surgiu foi uma crítica ao capitalismo”.

Por Redação, com The Guardian - de Londres

O pensamento neoliberal e o próprio sistema capitalista têm sido alvo de críticas cada vez mais assertivas, na Europa, por parte da maioria dos jovens. A constatação é do jornalista britânico Paul Mason, atualmente na British Broadcasting Company (BBC). Estudioso do movimento operário e das revoluções dos séculos XIX e XX, Mason é autor do livro Why it's kicking off everywhere (Por que está pipocando em todo lado), ainda sem versão em português, no qual discorre sobre o ocaso do capitalismo.

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O jornalista Paul Mason é um estudioso do movimento operário e das revoluções dos séculos XIX e XX

O autor reparou que os jovens “passaram por provas, testes, julgamentos e avaliações desde crianças; disseram-lhes que precisavam se destacar, competir e ter sucesso. Mas, por causa da covid-19, toda uma geração de estudantes que deixou a escola e a faculdade enfrenta um presente sombrio e um futuro incerto na Europa.

“Quando o (diário britânico) The Guardian perguntou aos jovens europeus – entre a adolescência e os pouco mais de 20 anos – como a pandemia fazia-os se sentirem, era de se esperar um excesso de frustração: empregos perdidos, amizades distanciadas à força, encontros amorosos cancelados. Mas o que surgiu foi uma crítica ao capitalismo”.

Futuro próximo

Ainda segundo Mason, “assim como seus predecessores nos levantes que se seguiram à crise de 2008, esta geração de jovens está pronta para tirar conclusões sistêmicas da maneira como as elites políticas administraram a pandemia. Eles sabem que pagarão impostos mais altos e que vão carregar dívidas pessoais maiores, além de enfrentar mais incertezas do que qualquer outra geração desde a 2ª Guerra Mundial”.

“Eles sabem que, para além das consequências da pandemia, terão de lidar com uma emergência climática no futuro próximo. E estão igualmente certos no fato de que não conseguem influenciar o presente político”, acrescenta o jornalista.

Na avaliação de Mason, “tudo isto, como provavelmente veremos com a chegada do verão (do hemisfério Norte), é uma mistura explosiva. De Dublin a Cardiff, de Barcelona a Berlim, os jovens vêm respondendo à flexibilização das restrições ao bloqueio com festas imodestas, raves eletrônicas, invasões repentinas de praias, reuniões instantâneas nos clubes do bairro de diversas cidades. Onde quer que haja protestos políticos – como as duas manifestações pró-Palestina em Londres no mês passado –, eles aparecem em grupos grandes, desafiadores e com muita voz”, conclui.

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