A Síria qualificou nesta quarta-feira (29) como ato de hostilidade aberta contra o país os chamados feitos por alguns governos para que a oposição seja armada, ao mesmo tempo que pediu à ONU um esclarecimento sobre a proposta da missão de Kofi Annan ao país.
Por Martin Hacthoun *
Em uma coletiva de imprensa dada pelo porta-voz da chancelaria, Yihad Makdisi, o governo enfatizou que Damasco responsabiliza os governos que fizeram tais declarações, pois essas armas "estão destinadas a grupos terroristas que repudiam o diálogo político".
O porta-voz apontou o premiê e chanceler do Catar como o exemplo mais claro de tais pronunciamentos, ao mesmo tempo que lembrou que a Síria, desde o início da crise, denunciou a existência de fornecimento de armas e outros apetrechos bélicos a grupos opositores extremistas internos, assim como a infiltração de indivíduos armados estrangeiros.
Uma das fontes da agência de notícias Prensa Latina que nos últimos dias de uma operação contra a violência armada e terrorista em Homs, as forças sírias capturaram franceses e britânicos que assessoravam e apoiavam os bandos armados.
Anteriormente, foi informado que três oficiais catarianos e 49 agentes de segurança e militares turcos também haviam sido detidos pelas forças armadas da Síria.
Makdisi reiterou que existe um mecanismo que rege o trabalho humanitário na Síria, e se há governos interessados em ajudar ou enviar qualquer tipo de auxílio, deve fazê-lo por meio das organizações humanitárias, como por exemplo o Crescente Vermelho Sírio, ou "os organismos que confiamos", sublinhou.
O porta-voz também afirmou que o Crescente Vermelho, em cooperação com a Cruz Vermelha Internacional, tentou em três ocasiões evacuar os jornalistas, feridos e os cadáveres de Baba Amr, em Homs, mas a ação foi impedida por grupos armados terroristas.
Makdisi confirmou que há, efetivamente, infiltrações de jornalistas no país, que partem do Líbano, o que reforça as suspeitas das autoridades síriassobre as atividades destes jornalistas e o interesse deles ao adentrar o país de forma furtiva.
O funcionário esclareceu que se um jornalista estrangeiro necessitar de cuidados médicos enquanto estiver no país, será tratato, não importa se chegou de forma legal ou não. O que acontecerá ao jornalista clandestino será, depois do tratamento, a deportação, de acordo com a lei.
Em relação a informações divulgadas pela mídia estrangeira sobre a suposta saída da Síria de dirigentes da organização palestina Hamas, Makdisi disse que o governo não tinha informações a respeito.
"Se o Hamas decidir abandonar ou permanecer na Síria, isso não é um trunfo da Síria, pelo contrário, a Síria é que continuará sendo um trunfo nas mãos da resistência palestina e seguirá apoiando a luta desse povo e de suas organizações até a recuperação de sua terra e a obtenção de seus legítimos direitos.
Makdisi afirmou que seu governo pedirá explicações sobre a designação do ex-secretário geral das Nações Unidas Kofi Annan como enviado especial para a Síra da Organização internacional e a Liga Árabe.
*Correspondente da Prensa Latina no Oriente Médio
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