Sintomas de Alzheimer precoce podem surgir a partir dos 30, diz estudo

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Publicado Segunda, 17 de Julho de 2023 às 13:43, por: CdB

Apesar das inúmeras diferenças, os fatores de risco para a doença de Alzheimer de início jovem são semelhantes aos da doença de Alzheimer de início tardio, afirma Dallas. Neste ponto, sedentarismo e pouco estímulo da capacidade cognitiva tendem a aumentar o risco do declínio cerebral.


Por Redação, com Canaltech - de Londres


Quando se pensa na doença de Alzheimer, o perfil típico da condição neurodegenerativa é logo associado com os idosos. De fato, o quadro é mais comum naqueles que têm mais de 65 anos, só que indivíduos, a partir dos 30 anos, também podem desenvolver o Alzheimer de início precoce. Inclusive, os sintomas são diferentes, já que não estão obrigatoriamente relacionados com a perda de memória.




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Pessoas com Alzheimer de início precoce não têm perda de memória, já que a doença se manifesta por altos níveis de ansiedade e perda de consciência espacial

Para dimensionar, são estimados cerca de 3,9 milhões de casos globais da demência de início jovem (YOD, em inglês), definida como o início da demência entre os 30 e os 64 anos. Entre os tipos mais comuns de demência está o Alzheimer, segundo revisão sistemática publicada na revista JAMA Neurology.


Para Mark Dallas, professor de Neurociência Celular da Universidade de Reading, na Inglaterra, os casos de Alzheimer precoce aos 30 anos são muito raros, embora possam ser identificados. Normalmente, a doença é mais comum entre aqueles com idade acima de 50 anos.



Sintomas do Alzheimer de início precoce


Nos casos tradicionais da doença de Alzheimer, o primeiro sintoma a ser experimentado pelo paciente é a perda de memória. No entanto, "as pessoas com Alzheimer de início jovem tendem a ter outros sintomas", pontua Dallas, em artigo para o site The Conversation.


Estes são os sintomas mais comuns de Alzheimer em jovens:


Dificuldade de atenção;

Menor capacidade de gesticulação com as mãos;

Perda de consciência espacial;

Altos níveis de ansiedade.

Sobre a questão da ansiedade, Dallas sugere que "isso pode ser causado por ma consciência das mudanças que estão ocorrendo [na mente], sem uma razão clara do porquê estar se sentindo diferente". Em alguns casos, os indivíduos podem pensar que tudo não passa de uma fase e, por isso, não buscam ajuda médica.



Como é o cérebro de quem desenvolve Alzheimer cedo?


Outro ponto interessante é que os exames de imagem apontam para o fato de que o Alzheimer afeta de forma diferente as regiões no cérebro, dependendo da época em que o paciente começa a enfrentar a doença.


– As áreas do cérebro envolvidas no processamento de informações sensoriais e relacionadas ao movimento, chamadas de lobo parietal, mostram maiores sinais de dano – explica Dallas sobre os casos precoces.


Além disso, é menor o nível de alterações no hipocampo, relacionado com a memória e a capacidade de aprendizado, em comparação com pessoas que desenvolvem o Alzheimer a partir dos 65 anos.



Fatores de risco para o Alzheimer precoce


Apesar das inúmeras diferenças, os fatores de risco para a doença de Alzheimer de início jovem são semelhantes aos da doença de Alzheimer de início tardio, afirma Dallas. Neste ponto, sedentarismo e pouco estímulo da capacidade cognitiva tendem a aumentar o risco do declínio cerebral.


– Ainda não compreendemos completamente todos os fatores que influenciam as chances de uma pessoa desenvolver a doença – destaca o neurocientista. No entanto, a questão da genética parece ser mais importante em pacientes que desenvolvem o quadro enquanto são mais jovens. Hoje, três genes (APP, PSEN1 e PSEN2) já são associados à doença que se manifesta de forma precoce.


– Esses genes estão todos relacionados a uma proteína tóxica que se acredita contribuir para a doença de Alzheimer, a beta-amiloide – pontua Dallas. Quando esses genes se tornam defeituosos, há um acúmulo da beta-amiloide, que é tóxica, formando placas no cérebro e atrapalhando a atividade dos neurônios.


De forma geral, algumas mudanças comportamentais e de estilo de vida reduzem o risco de um paciente desenvolver o Alzheimer. Praticar atividades físicas, incluindo a musculação, estimular a capacidade de memória, cuidar da saúde e ter boa alimentação parecem ser boas estratégias contra o declínio para a maioria dos pacientes.




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