Primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon pretende, no futuro, colocar de lado o processo de paz conhecido como "Mapa do Caminho" e, no lugar dele, buscar apoio dos EUA para anexar parte da Cisjordânia ocupada, afirmou um jornal israelense na segunda-feira. A reportagem do Maariv não identificou a fonte das informações, mas os planos de Sharon para a retirada total da Faixa de Gaza foram divulgados pela primeira vez da mesma forma. A retirada aconteceu no ano passado.
Um porta-voz do premiê não quis fazer comentários sobre a notícia. Segundo o Maariv, Sharon, que tentará reeleger-se em março, argumentará que Israel tem razão ao abandonar o plano de paz e ao fixar as fronteiras unilateralmente porque os palestinos não conseguiram conter a ação dos grupos militantes. Oficialmente, o premiê continua comprometido com o "Mapa do Caminho", que prevê a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Mas os palestinos acusam Sharon de querer ditar os termos de um acordo final.
Nem o Estado judaico cumpriu sua promessa de paralisar a expansão dos assentamentos na Cisjordânia e nem os palestinos cumpriram sua parte no acordo, que determina o desmantelamento dos grupos armados. A reportagem do Maariv disse que o premiê divulgaria seus planos depois de os palestinos terem realizado as eleições parlamentares deste mês, quando, segundo os serviços de inteligência de Israel, haverá uma nova onda de violência.
O jornal afirmou que as autoridades israelenses já haviam apresentado a idéia a representantes do presidente norte-americano, George W. Bush.
"Eles explicaram aos norte-americanos que, já que não há chances reais de fazer avançar as negociações entre Israel e os palestinos, o parceiro natural nessa questão é os EUA, a superpotência responsável por mediar o conflito" disse o Maariv.
O jornal afirmou que o Estado judaico proporia esvaziar dezenas de assentamentos na Cisjordânia, permitindo a criação temporária de um Estado palestino naquele território. Em troca, segundo o Maariv, Israel deseja que Bush dê apoio à anexação de outras áreas da Cisjordânia bem como de partes de Jerusalém Oriental, a seção árabe da cidade.
E Sharon quer dos EUA apoio a sua demanda de que os refugiados palestinos nunca tenham permissão para regressar ao território israelense. Bush concordou com a retirada unilateral da Faixa de Gaza e já disse que Israel pode contar com a manutenção de parte da Cisjordânia em um eventual acordo definitivo com os palestinos.