Ruralistas preparam resposta a ex-ministros 'verdes'

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Publicado Terça, 24 de Maio de 2011 às 16:40, por: CdB

Fábio Góis

Depois da aprovação do texto-base do novo Código Florestal Brasileiro, a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), não conseguia esconder que estava “muito” feliz. Uma das principais articuladoras da bancada parlamentar ruralista, Kátia adiantou ao Congresso em Foco que, como resposta à mobilização de ex-ministros do Meio Ambiente – que ontem (segunda, 23) entregaram carta ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pedindo o adiamento da votação –, uma ação similar reunirá ex-ministros da Agricultura em favor do Código.

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“Nesse período até chegar ao Senado, nós também vamos usar todas os instrumentos, todas as nossas possibilidades, dentro da legalidade, da democracia, de forma pacífica. Mas também vamos mostrar nossos apoiamentos, nós também sabemos fazer. Nós temos apoio importantíssimo pelo país, e vamos nos organizar para demonstrá-lo durante esse período de debate no Senado”, informou a parlamentar, depois de dar sua primeira entrevista coletiva após a “vitória” dos ruralistas, que ajudaram a elaborar o relatório de Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Segundo Kátia, a ideia é promover um périplo de ex-ministros no Executivo e no Legislativo, como fizeram ontem nomes como Rubens Ricupero (1993-1994), José Sarney Filho (1999-2002), Marina Silva (2003-2008) e Carlos Minc (2008-2010). Dez ex-ministros assinaram a carta, mas apenas oito estiveram com o senador peemedebista.

Surpresa

Além da agremiação de ex-ministros, Kátia diz que “logo, logo teremos uma surpresa na área ambiental, que deverá nos apoiar”. Ela não quis adiantar do que se trata a tal “surpresa”, mas fez uma ressalva. “Eu gostaria de esperar que eles próprios pudessem declarar [apoio aos ruralistas]. Mas teremos importantes cientistas do Brasil sem nenhuma visão política do tema, mas técnica, científica, estrita”, acrescentou a senadora, para quem ecologia e produção agrícola não são excludentes.

“Nós precisamos fazer uma esforço muito grande para compatibilizar o debate, e não isolá-lo apenas em uma questão ambiental. Todo ser humano de boa fé – e a grande maioria é de boa fé – tem o desejo de preservar a natureza. Mas, felizmente ou infelizmente, nós também precisamos de comida. Não é possível preservar 100%, não se aprendeu nenhuma técnica até hoje em que nós pudéssemos produzir comida sem derrubar nenhuma árvore. Preservar, sim, mas o homem não pode sair caçando alimento na floresta. Ele precisa encontrar o alimento no supermercado e, pra isso, tem de ser plantado”, concluiu.

“Ervas daninhas”

“Eu queria destacar, em primeiro lugar, a vitória do Congresso Nacional. A lei ambiental era uma lei biônica que tinha o selo das ONGs. Agora, tem o selo do Brasil, o selo do povo. Pela primeira vez, desde 1965, o Congresso pôde apreciar e votar a lei ambiental brasileira”, comemorou a senadora.

Questionada sobre a nova rodada de votações do projeto no Senado, para onde segue a matéria, e a hipótese de veto por parte da presidenta Dilma Rousseff, Kátia demonstrou otimismo. “O que aconteceu aqui na Câmara é o reflexo do sentimento das duas Casas. No Senado, a ansiedade é grande, tanto que as discussões já se iniciaram antes da matéria chegar por lá. Estamos confiantes da responsabilidade dos senadores, até porque não estamos votando para rivalizar o Brasil. Ao contrário, estamos para pacificar, unir o Brasil. Chega de Brasil versus Brasil”, declarou a parlamentar tocantinense, também confiante no “bom senso e responsabilidade” da presidenta Dilma em relação ao texto que sairá do Parlamento.

“Eu não acredito em veto da presidenta Dilma, não acredito que ela vá arrancar produtores do chão como se fossem ervas daninhas. São produtores que estão há dezenas e dezenas de anos produzindo às margens de rios sem fazer nenhum mal a eles. Claro que o programa de regularização ambiental que apontar algum dano, com certeza os produtores deverão recompor e reconciliar-se com a natureza”, destacou a senadora.

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