Rio de Janeiro: temporariamente lindo

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Publicado Terça, 27 de Fevereiro de 2024 às 10:33, por: CdB

Declarem-se missões oficiais à cidade, de grande porte, por 300 dias ao ano. Uma cidade que, neste curto período de G20, fez jus à natureza que lhe foi dada. Sem os medos de quem a visita.


Por Abraham B. Sicsú – de Brasília


Cúpula do G20. Dão uma repaginada na cidade. Aumenta a segurança, pintam os prédios públicos, retiram os pedintes das grandes concentrações. Ruas limpas, pode-se até passear um pouco à noite. Sentir a brisa e não se questionar se algo de perverso poderá acontecer.




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Cúpula do G20. Dão uma repaginada na cidade. Aumenta a segurança, pintam os prédios públicos, retiram os pedintes das grandes concentrações

Fui convidado para uma mesa redonda em evento que nada tinha a ver com a grande efeméride. Aproveito e vou. Passo seis dias. Férias de aposentado, revendo amigos queridos, reencontrando espaços que faz tempo não via.


A beleza natural é inegável. Fico em Ipanema, considerada por revista australiana a segunda melhor praia do mundo. Pode ser exagero, mas não se nega ser bela. Do Arpoador ao Leblon, enche os olhos de esplendor e fascínio. As caminhadas matutinas, o mar um pouco gelado, o nascer do sol, a perfeição do ambiente natural. Tudo se harmoniza.


Gosto muito da culinária carioca. Restaurantes da melhor qualidade, botecos inigualáveis. Tudo é muito bom, mas nada é barato. Uma boa feijoada, um arroz de frutos do mar, uma peixada com banana da terra, mais do que fazer bem ao corpo, mexe com emoções, faz bem á mente.


Adoro botecos. No Rio, a maioria tem chope e uma caipirinha tradicional. Da melhor qualidade. Os pasteis são incríveis. Sanduíches maravilhosos, imperdíveis, com grande variedade. Não posso ir á cidade sem comer um de pernil e outro de linguiça com queijo.


Fui conferir. Um restaurante na Rua das Laranjeiras. Pequeníssimo. Pouquíssimas mesas e um balcão onde os solitários ficam vendo o cozinhar e preparar dos pratos. Dois muito jovens chefs de cozinha que resolveram fazer refeições a preços mais acessíveis. Evidentemente, para a classe média, a baixa nem pensar. Alta gastronomia da melhor qualidade. Vale à pena conferir. Tudo muito bem feito, muito bem temperado. O nome do local é Trégua.


Descobri em Ipanema. Não sabia. A Colombo tem uma filial numa galeria. Doces, salgados e bons Milk shakes. Um piano bem tocado. Lá passei uma boa hora.


Adoro os museus. Dois me são muito caros. Vou visitar e admirar, em espaço belíssimo, a velha Praça Mauá.


Antes de falar deles, um aparte. Como em muitas capitais brasileiras, idoso tem prioridade no transporte público. Não paga. Ajuda muito a mobilidade e eu aproveito. Minha estadia era ao lado de uma estação de Metrô. Quase tudo se consegue fazer com ele.



Praça dos Museus


Para ir à Praça dos Museus, pego o Metrô e faço uma conexão com o VLT, o trem de superfície. Limpo e muito simpático. Passa pelo centro histórico e se vê tudo. A ida já foi um grande passeio. Anima fazer um passeio a pé na volta. Nas ruas que frequentei desde início dos anos 70 quando comecei minha vida profissional.


Museu do Amanhã, o que precisamos, ciência compreensível para todos. Muito bem planejado e organizado. Belas exposições, bem interativo. Dois vídeos me comovem.


Um sobre o Tapajós e a floresta amazônica. Em 3D, 8 minutos. Uma imersão no ambiente natural, na riqueza de detalhes, nos mitos de sua formação, na medicina dos povos originários.


Outro, o tradicional, numa cúpula como um observatório astronômico, deitado numa almofada ao chão. Da origem à formação do universo, de suas matérias, de seus habitantes. Vale muito os dez minutos ali, admirando. De uma maneira didática se explica de onde viemos sem saber bem para onde iremos.


Na mesma praça, outro museu. O Museu de Arte do Rio- MAR. Cinco andares de encantamento. Sendo época, o Carnaval é tema para dois. Quadros, fantasias, adereços, história. Noutro o funk. Origens e sua evolução no tempo. Adorei mesmo a exposição do primeiro andar. Trilhos que se cruzam, origens do místico negro, das figuras do mar, a sereia prateada. Sempre se renova este belo espaço, sempre exposições novas.


Passear no Centro me anima. Relembro épocas em que ali trabalhava, prédios em que pude fazer algo. Estava bem organizado e as calçadas limpas. Fui pouquíssimo parado por pedintes, nada agressivos. Os anos 70 voltaram à minha memória, os projetos com o antigo BNDE e com a Petrobras, as amizades que lá consolidei.


Uma cidade que, neste curto período de G20, fez jus à natureza que lhe foi dada. Sem os medos de quem a visita. Tenho até uma sugestão a fazer. Declarem-se missões oficiais à cidade, de grande porte, por 300 dias ao ano. Deixemos o resto para os feriados, festas de fim de ano e, sem dúvida, o Carnaval, marca da Cidade Maravilhosa.


Abraham B. Sicsú, é professor aposentado do Departamento de Engenharia de Produção da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e pesquisador aposentado da Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco).


As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil




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