A resolução estabelece que as partes envolvidas no conflito “permitam a entrega imediata, segura, e sem obstáculos, da assistência humanitária em grande escala, diretamente à população civil palestina em toda a Faixa de Gaza”.
Por Redação, com Poder360 - de Nova York/Gaza
Representantes de organismos internacionais criticaram a resolução para o conflito na Faixa de Gaza aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo as instituições, o texto é “insuficiente” por não pedir um “cessar-fogo humanitário” na região.
A resolução estabelece que as partes envolvidas no conflito “permitam a entrega imediata, segura, e sem obstáculos, da assistência humanitária em grande escala, diretamente à população civil palestina em toda a Faixa de Gaza”. O documento também demanda a libertação imediata e incondicional de todos os reféns. Leia a íntegra do documento.
O texto foi apresentado pelos Emirados Árabes. Recebeu 13 votos a favor. Estados Unidos e Rússia se abstiveram. O Brasil foi favorável à resolução.
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o cessar-fogo “é a única forma” de pôr fim ao “pesadelo contínuo” ao povo de Gaza, região controlada pelo Hamas na Palestina.
– Espero que a resolução de hoje do Conselho de Segurança possa ajudar a melhorar a prestação da tão necessária ajuda – ponderou Guterres.
A Oxfam disse que a pausa é a última ação possível para “entregar ajuda humanitária na escala e velocidade urgentemente necessária”. O comunicado foi assinado por Aleema Shivji, chefe-executiva da Oxfam no Reino Unido.
Shivji disse que é “positivo” que o país tenha “finalmente votado a favor de uma resolução” referente à guerra entre Israel e o Hamas.
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, afirmou que a resolução é “um raro sinal de acordo entre os integrantes do Conselho de Segurança”.
– Contudo, o requisito mais premente para o povo de Gaza é um cessar-fogo imediato. O custo devastador da guerra até agora não pode ser ignorado, incluindo a perda de mais de 20 mil vidas, predominantemente mulheres e crianças.
Tedros também citou o risco de uma crise alimentar e sanitária em zonas do conflito. “A escassez de suprimentos médicos, alimentos, água, combustível e energia agrava ainda mais a terrível situação”, declarou o chefe da OMS, uma agência da ONU.
Segundo a organização Médicos sem Fronteiras, o texto aprovado no colegiado das Nações Unidas “contém apenas um vago apelo à tomada de medidas para criar as condições para uma cessação sustentável das hostilidades”.
– A resolução do Conselho de Segurança fica dolorosamente aquém do que é necessário para resolver a crise em Gaza. (…) Esta resolução foi diluída ao ponto de o seu impacto nas vidas dos civis em Gaza ser quase insignificante – afirmou Avril Benoit, diretor-executiva do MSF nos Estados Unidos.
Benoit, uma jornalista canadense, também criticou a “forma como Israel conduz a guerra”. Disse que o país judeu “causa mortes e sofrimento em massa entre civis palestinos” com apoio dos EUA.
ONU
O Conselho de Segurança da ONU é o mais importante colegiado das Nações Unidas. Foi criado em 1945 e tem 5 integrantes permanentes: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido.
Essas cinco nações têm poder de veto sobre qualquer resolução votada no conselho. Isso significa que qualquer voto contrário de um desses países impossibilita o avanço de uma pauta. Historicamente, é raro um ponto de concordância entre o bloco ocidental (norte-americanos, franceses e britânicos) e os chineses e russos em temas relevantes.
Mais 10 países completam o conselho rotativamente. O Brasil atualmente faz parte do grupo e chegou a presidi-lo em outubro deste ano. O Equador é o atual presidente.