É uma daquelas situações que nenhuma gravadora desejaria enfrentar.
A Concord Records estava prestes a lançar um álbum de duetos de Ray Charles com outros grandes astros da música. O projeto já era ansiosamente aguardado por si só, mas a morte do artista, em 10 de junho, provavelmente vai impelir o álbum para vendas ainda maiores.
Na verdade, o gerente geral da Concord, Gene Rumsey, acha que o álbum final de Ray Charles, "Genius Loves Company", pode virar o título mais vendido da história da gravadora.
Mesmo assim, a gravadora nega que tenha adiantado o lançamento para aproveitar o clima gerado pela morte do cantor.
"Queremos tratar o álbum com o maior respeito possível", disse Rumsey.
Então a gravadora manteve a data inicialmente prevista para o lançamento, 31 de agosto. Foram produzidas 1 milhão de cópias, das quais 700 mil para os EUA e o restante para o mercado internacional.
O álbum é composto de duetos de Ray Charles e toda uma gama de convidados de diversos gêneros musicais.
O vice-presidente da Concord, John Burk, comentou: "Ray Charles era um sujeito que exerceu influência e impacto imensos sobre a música popular americana. Ele influenciou tantos vocalistas em tantos gêneros distintos... era uma opção natural para um álbum de duetos."
Ele acrescentou: "Alguns desses convidados eram realmente importantes para Ray porque eram alguns dos melhores amigos que ele teve na vida. B.B. King, Willie Nelson e Gladys Knight caem nessa categoria. E havia artistas do outro lado do espectro, como Norah Jones. Essa participação aconteceu porque li um artigo publicado no início de sua carreira e ela citou Ray como uma de suas maiores influências."
Estão presentes no álbum, entre outros cantores, James Taylor, Diana Krall, Elton John, Natalie Cole, Bonnie Raitt, Michael McDonald, Johnny Mathis e Van Morrison.
O tecladista Billy Preston, que começou a tocar com Ray Charles quando ainda era adolescente, toca em três dos duetos. Ele conta que, embora o cantor e pianista já estivesse com a saúde enfraquecida durante algumas das sessões de gravação, ainda estava em plena forma musical.
B.B.King, um dos amigos mais próximos de Ray Charles, diz que o músico continuou tão exigente e bem humorado no estúdio quando era quando os dois fizeram sua primeira sessão de gravação juntos, em 1988.
Ele contou: "A primeira vez que gravei com ele, Ray queria que eu fizesse 'Save the Bones for Henry Jones'. Ray queria mudar a música, não queria fazer do jeito que estava escrito, e eu não acertava nunca. Ele me disse: 'Maldição, Irmão B., pensei que você fosse músico!"'.
As sessões de gravação de "Genius Loves Company" aconteceram no estúdio de Ray Charles em Los Angeles e no Eastwood Scoring Stage, no estúdio da Warner Bros. em Burbank, Califórnia, entre julho de 2003 e a primavera deste ano nos EUA.
A última sessão, quando foi gravado o dueto com Elton John, "Sorry Seems to Be the Hardest Word", aconteceu em março, quando a saúde de Ray Charles já estava bastante enfraquecida.
"Foi uma coisa muito forte, e todos nós ficamos profundamente comovidos", contou Burk. "Havia gente na sala de controle chorando. Elton entrou na sala para ouvir e começou a chorar."
A morte de Ray Charles transformou os álbuns de seu catálogo da Rhino em presença constante na lista Billboard Top Pop Catalog. Esta semana "The Very Best of Ray Charles" está em 17o lugar na lista, com 6.000 cópias vendidas na semana. "Anthology" ocupa a 34a posição, com 5.000 unidades vendidas.