Dois promotores da Argentina pediram à Justiça a prisão do ex-presidente do país Fernando De la Rúa por sua suposta responsabilidade na morte de cinco pessoas no final de 2001.
As mortes ocorreram nos dias 19 e 20 de dezembro em meio a grandes distúrbios na capital argentina, que causaram a renúncia do presidente e deixaram cinco mortos e mais de 200 feridos somente em Buenos Aires.
O pedido foi feito pelos promotores Luis Comparatore e Patricio Evers, que alegaram que a polícia foi responsável pelos mortos e feridos que resultaram da repressão de um ato contra o governo.
Os promotores dizem ainda que as tentativas de interrogar o ex-presidente foram inúteis. Eles teriam tentado tomar seu depoimento três vezes, sem sucesso.
De la Rúa sempre alegou problemas de saúde para evitar o constrangimento.
Horas antes de os promotores pedirem a prisão, a mãe de Carlos Raúl Almirón, uma das vítimas fatais, também havia pedido a prisão do ex-presidente por sua "reiterada ausência" perante a Justiça.
O pedido de prisão ocorreu horas depois que a juíza responsável pelo processo suspendeu mais uma vez um interrogatório de De la Rúa, marcado para a última segunda-feira.
De la Rúa havia sido citado em duas ocasiões, mas na primeira vez se desculpou dizendo que, primeiro, a Justiça deveria convocar outras testemunhas. Da segunda vez, ele alegou que estava de repouso por causa de uma cirurgia odontológica.
Seus advogados asseguraram que ele "estava pronto" para apresentar-se na última segunda, quando receberam a notificação de que a audiência havia sido cancelada pelo tribunal.
Segundo Miguel Ángel Almeyra, um dos advogados de De la Rúa, a suspensão ocorreu por uma questão de "administração de tempo" do tribunal e acrescentou que o pedido de prisão se deve a "falta de informação".
Caso De la Rúa se apresente à Justiça, essa será a primeira vez na história que um presidente da Argentina irá a um tribunal para responder à acusação de homicídio.