Produção industrial experimenta nova queda e frustra expectativas

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Publicado Terça, 05 de Setembro de 2023 às 18:03, por: CdB

Ambos os resultados foram mais fracos do que as expectativas em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, de quedas de 0,3% no mês e de 0,5% na base anual. Quinze das 25 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda na produção na passagem de junho para julho deste ano.


Por Redação - do Rio de Janeiro

A produção industrial brasileira teve queda de 0,6% em julho deste ano, na comparação com o mês anterior. O dado é da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com julho do ano passado, a queda chega a 1,1%. O setor também apresenta queda acumulada de 0,4% neste ano. No acumulado de 12 meses, a indústria apresenta estabilidade.

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A indústria começou o ano com perspectiva idêntica àquela no início da pandemia


— Com esses resultados, o setor industrial se encontra 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, e 18,7% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011 — observou o pesquisador do IBGE André Macedo.

Ambos os resultados foram mais fracos do que as expectativas em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, de quedas de 0,3% no mês e de 0,5% na base anual. Quinze das 25 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda na produção na passagem de junho para julho deste ano.

 

Destaques


Os principais recuos foram observados nos ramos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).

Na outra ponta, nove atividades tiveram alta na produção, com destaques para produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), produtos alimentícios (0,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%).

Na análise das quatro grandes categorias econômicas da indústria, três tiveram queda de junho para julho: os bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (-7,4%),os  bens de consumo duráveis (-4,1%) e os bens intermediários, isto é, os insumos industrializados usados no setor produtivo (-0,6%). Apenas os bens de consumo semi e não duráveis tiveram aumento no período (1,5%).

 

Desempenho


Neste ano, a produção industrial apresentou alta em apenas dois meses: março (1,1%) e maio (0,3%). Em junho, o setor permaneceu estagnado. Nos outros quatro meses, foram registradas quedas: -0,2% em janeiro, -0,3% em fevereiro e -0,7% em abril, além do -0,6% em julho.

— O movimento do setor industrial nos últimos meses fica bem caracterizado por essa menor intensidade (do ritmo de produção) — acrescentou Macedo.

Segundo o pesquisador, um dos principais motivos para esse desempenho de menor intensidade é a alta taxa de juros básicos no país.

 

Consumo


— O reflexo negativo de uma política monetária mais restritiva, com taxas de juros mais elevada, tem impacto importante sobre a evolução dessa produção industrial”, diz o pesquisador. “Ao longo do tempo, a gente vinha citando a inflação em patamares elevados e o mercado de trabalho com um número elevado de trabalhadores fora dele, mas esses fatores foram apresentando algum grau de melhora, mas a gente permanece com a taxa de juros em patamares mais elevados — pontou.

Macedo explica, ainda, que um dos setores mais afetados por isso é a indústria de bens de consumo duráveis.

— A dificuldade na concessão do crédito para a compra de bens de valores mais elevados, é claro, traz reflexos negativos sobre a produção. Não por acaso, um exemplo muito claro desse reflexo negativo é a parte de bens de consumo duráveis, segmento que está 22,6% abaixo do patamar pré-pandemia e 42,1% abaixo do seu ponto mais elevado na série histórica, que foi alcançado em março de 2011. Quando comparado com o patamar de dezembro último, o segmento está 7,4% abaixo — resumiu.

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