Presidente de facto confessa golpe em entrevista

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Publicado Quarta, 22 de Junho de 2016 às 10:22, por: CdB

O presidente de facto também disse que, caso o afastamento da presidenta eleita se confirme, pretende tomar medidas duras

Por Redação, com Vermelho - de Brasília:
O presidente de facto, Michel Temer (PMDB), fez uma série de postagens em sua conta oficial no Twitter após entrevista à GloboNews nesta terça-feira, que divulgava trechos da entrevista dada ao jornalista Roberto D'Ávila. Quando se refere ao uso de avião pela presidenta eleita, Dilma Rousseff, e a limitação imposta por seu governo provisório, ele afirma: “E ademais disso, pelo que sei, a senhora presidente utiliza o avião, ou utilizaria, para fazer campanha denunciando o golpe”.
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Na entrevista, Michel Temer também fez questão de fazer elogios rasgados ao seu principal aliado no golpe, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
A confissão do crime por parte de Temer, em ato falho ou cinismo, expõe ainda mais o homem que se impôs como “governo de salvação nacional”. Vale lembrar que em resposta ao ex-presidente Lula, o então vice-presidente Michel Temer (PMDB) fez questão de divulgar nota oficial em 2 de abril, portanto, antes do afastamento da presidenta Dilma Rousseff, em que ele afirma que, exatamente por ser "constitucionalista" pode afirmar que não há um golpe em curso no Brasil. Temer é formado em direito e foi professor de direito constitucional. Na entrevista, o presidente de facto foi questionado sobre as restrições impostas contra a presidenta Dilma, "utiliza o avião, ou utilizaria, para ir fazer campanha denunciando o golpe", que ele classificou de "uma situação um pouco esdrúxula". A declaração reforça ainda que a preocupação de Temer é justamente cercear Dilma por denunciar as manobras que atendam com o seu legítimo mandato. Ele completou seus comentários arrogantes dizendo que "jamais faltou comida" para a presidenta. michel temer Em outro momento, Temer finge que integrantes da cúpula do PMDB, seu partido, e braço direito de seu governo provisório, tenham sido flagrados em conversas com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, dizendo que articulavam a aprovação do impeachment de Dilma e sua ascensão ao poder era a saída para barrar “a sangria” da Lava Jato. - Eu não fiz nenhum movimento em relação a isso. E o impedimento se deu, convenhamos, até por uma maioria muito significativa - disse ele sobre o processo de afastamento de Dilma. Mas apesar de dizer que não atuou pelo golpe, disse que não pretende processar Sergio Machado, que o acusa de pedir doações oriundas de propina para a campanha de Gabriel Chalita, em 2012. - O que ele [Machado] mais deseja é isso. [...] Ele quer polarizar com o presidente da República. Eu não vou dar esse valor a ele. Eu não falo para baixo - afirmou. Ele também fez questão de fazer elogios rasgados ao seu principal aliado no golpe, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de manter contas no exterior com dinheiro oriundo de propina. Temer disse que Cunha "está se defendendo como pode" e que é "batalhador no campo político e no campo jurídico". Temer também disse que, caso o afastamento da presidenta eleita se confirme, pretende tomar medidas duras, como o aumento de impostos e da idade mínima para aposentadoria. - A questão da reforma da Previdência. Eu acho que só poderei pleitear uma reforma da Previdência se tiver a efetivação - disse ele. Questionado pelo jornalista se tinha legitimidade política para fazer esses tipos de reforma, já que "as pessoas não votaram no senhor", e Temer disse: "Votaram sim". Roberto D’Ávila o interpelou: "Sim, votaram, mas não sabiam que estava votando, não é?". Temer responde: "Me permita dizer que votaram, pelo seguinte, você sabe que, vou dizer a você concretamente, objetivamente, nós ganhamos essa eleição por 3,2 milhões de votos. Ou seja, se 1,6 milhão de votos estivessem do outro lado, nós teríamos perdido a eleição". Ora, Temer, o plano de governo que tenta impor ao país é diferente do plano que levou a vitória da presidenta Dilma Rousseff, e não tua. Aliás, o seu plano de governo é idêntico ao projeto do candidato derrotado, o tucano Aécio Neves (PSDB). Tanto é quue para compor o seu governo trouxe integrantes do PSDB, principalmente na equipe econômica.

Plebiscito

Sobre a proposta de plebiscito sobre novas eleições, o “constitucionalista” Temer reforçou o seu desprezo às urnas. Disse que consultar o povo sobre os destinos do país neste momento é não é o útil. - Porque, no instante em que ela [Dilma] diz que aceita um plebiscito para eleições, é porque ela deseja voltar para depois não governar. Não é útil porque, se vai voltar para depois convocar eleições, então é porque não quer governar - disse Temer. Enquanto Temer só consegue enxergar as urnas como forma de chegar ao poder, a presidenta Dilma e demais setores progressistas propõem o plebiscito sobre novas eleições para buscar uma saída democrática que garanta legitimidade e legalidade. Rodrigo Janot Temer concedeu, nesta quarta-feira, entrevista à Rádio Jovem Pan, na qual elogiou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, de negar o pedido de prisão feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra os pemedebistas Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e Eduardo Cunha. Temer minimizou afirmações feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que estaria participando de uma “conspiração para asfixiar as ações da Operação Lava Jato". - O procurado-geral Janot faz esse raciocínio tendo em vista as afirmações de Sérgio Machado [ex-presidente da Transpetro]. Nada mais do que isso. Não é uma convicção dele - disse Temer. - Não acho que o Legislativo tenha qualquer disposição conspiratória para reduzir as potencialidades e possibilidades da operação - emendou.
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