Prefeitura de Petrópolis pede que ‘Casa da Morte’ seja desapropriada

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Publicado Sábado, 27 de Janeiro de 2024 às 14:48, por: CdB

De acordo com o município, a desapropriação da 'Casa da Morte' contará com o apoio do Ministério dos Direitos Humanos, que vai disponibilizar os recursos financeiros necessários para a conclusão do processo. 


Por Redação, com ABr - de Petrópolis, RJ

O município de Petrópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, protocolou o pedido de desapropriação do imóvel conhecido como ‘Casa da Morte’. O local foi utilizado pela ditadura civil-militar para a tortura e morte de presos políticos.

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Muitos prisioneiros foram torturados e mortos no local conhecido como 'Casa da Morte', em Petrópolis


“A ação foi protocolada esta semana na 4ª Vara Cível da Comarca de Petrópolis e é um passo importante para a criação do Memorial de Liberdade, Verdade e Justiça, que tem como objetivo a preservação da história para que crimes como o que ocorreram no período de ditadura não ocorram mais”, diz a nota publicada no site da prefeitura, neste sábado.

De acordo com o município, a desapropriação da 'Casa da Morte' contará com o apoio do Ministério dos Direitos Humanos, que vai disponibilizar os recursos financeiros necessários para a conclusão do processo.

 

Processo


Segundo o prefeito do município, Rubens Bomtempo (PSB), “a desapropriação dessa casa usada para assassinar e torturar cidadãos e cidadãs brasileiros é uma luta que começou lá atrás, mas por falta de recursos não conseguimos concretizar”.

— Agora, com o comprometimento do Ministério dos Direitos Humanos estamos confiantes que o processo será finalizado e que vamos conseguir instalar naquele local um memorial para as vítimas da ditadura, para que esta parte triste da nossa história nunca mais se repita — acrescentou Bomtempo.

O secretário de governo, Marcus São Thiago, explicou a jornalistas, nesta manhã, que a intenção é ter o memorial gerido por uma instituição de pesquisa e autônoma, para que não haja descontinuidade.

— Nossa intenção é que a Universidade Federal Fluminense (UFF) possa assumir a gestão do Memorial a ser criado, assim garantiremos que continue funcionando independentemente de governos e cumprindo o seu papel, que é a preservação e resgate da memória de um tempo sombrio e autoritário da nossa história, para que as atuais e futuras gerações conheçam as atrocidades cometidas por um governo ditatorial e preservem a nossa democracia — ressaltou São Thiago.

 

Tortura e morte


A ‘Casa da Morte’ foi utilizada pelo Centro de Informações do Exército (CIE) como aparelho clandestino de tortura durante o período do regime militar e foi localizada por Inês Etienne Romeu, única prisioneira política a sair viva da casa, conforme declarações prestadas ao Conselho Federal da OAB.

O imóvel foi emprestado ao Exército pelo então proprietário Mário Lodders e, segundo o tenente-coronel reformado Paulo Malhães, em depoimento prestado à Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro, o local foi criado para pressionar os presos a mudarem de lado, tornando-se informantes infiltrados. Por ali passaram diversos militantes políticos, que permanecem desaparecidos.

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