Pesquisadores detectam como vacina da AstraZeneca gera coágulos

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Publicado Quinta, 02 de Dezembro de 2021 às 08:19, por: CdB

A vacina da AstraZeneca se mostrou eficaz contra a covid-19 e ajudou a salvar milhares de vidas na pandemia, mas acabou marcada, sobretudo na Europa, pelo temor de que gere coágulos sanguíneos, o que levou vários países a restringir o uso dela.

Por Redação, com DW - de Londres

Uma equipe de cientistas do Reino Unido e dos Estados Unidos afirmou ter descoberto o mecanismo que faz com que a vacina contra covid-19 da empresa AstraZeneca possa provocar o desenvolvimento de coágulos sanguíneos em algumas pessoas.
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Adenovírus usado na vacina se combina com proteína do sangue e dispara reação do sistema imunológico, afirmam
A equipe, que publicou seus resultados no jornal norte-americano Science Advances, detectou que uma proteína no sangue é atraída por um componente-chave da vacina, o que por sua vez gera uma reação do sistema imunológico que, em combinação com outros fatores que ainda não foram determinados, leva à chamada trombocitopenia trombótica imune (PTI). A vacina da AstraZeneca se mostrou eficaz contra a covid-19 e ajudou a salvar milhares de vidas na pandemia, mas acabou marcada, sobretudo na Europa, pelo temor de que gere coágulos sanguíneos, o que levou vários países a restringir o uso dela.

Componente-chave adenovírus

A vacina Vaxzevria, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, tem em sua composição um adenovírus (especificamente, um vírus do resfriado comum de chimpanzés). Estudos anteriores descobriram que as pessoas que desenvolvem coágulos sanguíneos após receberem a vacina da AstraZeneca desenvolvem anticorpos incomuns, que atacam a proteína conhecida como fator plaquetário 4 das plaquetas do sangue. De acordo com a nova pesquisa, é justamente o adenovírus, que atua como mensageiro na vacina da AstraZeneca, que pode estar ligado ao desenvolvimento dos coágulos, já que tudo indica que sua superfície externa atrai a proteína fator plaquetário 4 (PF4), unindo-se a ela. Em alguns raros casos, o sistema imunológico gera então anticorpos para atacar a proteína PF4 agregada ao adenovírus. À medida que esses anticorpos também se ligam à proteína, os coágulos se desenvolvem, indica a pesquisa. Embora as vacinas sejam injetadas no músculo, às vezes elas podem vazar para a corrente sanguínea, onde o processo pode começar.

Casos extremamente raros

– A ITP ocorre apenas em casos extremamente raros porque uma cadeia complexa de eventos deve ocorrer para desencadear esse efeito colateral – disse um dos autores, Alan Parker, da Universidade de Cardiff. – Nossos dados confirmam que o fator plaquetário 4 pode se ligar aos adenovírus, uma etapa importante no desencadeamento do mecanismo subjacente na ITP. O estabelecimento de todo o mecanismo pode ajudar a prevenir e tratar essa condição – acrescentou. A formação de coágulos em uma minoria de pacientes levou muitos governos a limitar o uso da vacina da AstraZeneca, que, entretanto, é a mais barata e fácil de transportar. Um porta-voz da farmacêutica, cujos especialistas participaram do estudo, indicou que, "embora a pesquisa não seja definitiva, ela oferece dados interessantes" e acrescentou que a empresa vai levá-los em conta em seus esforços "para eliminar esse raro efeito colateral".
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