Pesquisadores descobrem que há cinco tipos da doença de Alzheimer

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Publicado Segunda, 15 de Janeiro de 2024 às 10:55, por: CdB

Descoberta pode mudar tratamento da doença, pois implica que medicamentos podem ser eficazes contra um tipo, mas não necessariamente os outros. Essas variantes não só parecem diferir na forma como afetam o cérebro, mas também na forma como podem responder aos tratamentos.


Por Redação, com DW - de Berlim


Um estudo recentemente publicado na revista Nature Aging trouxe um avanço significativo na compreensão da doença de Alzheimer e pode mudar a maneira como essa doença neurodegenerativa é tratada.




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Descoberta pode mudar tratamento da doença

Ao analisar o líquido cefalorraquidiano de mais de 400 pacientes, uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Betty Tijms, da Universidade Livre de Amsterdã, descobriu que existem cinco variantes biológicas da doença de Alzheimer.


Essas variantes não só parecem diferir na forma como afetam o cérebro, mas também na forma como podem responder aos tratamentos.


Essa classificação é uma etapa importante para a compreensão das diferenças na progressão da doença de Alzheimer entre os pacientes e sugere haver necessidade de abordar cada variante individualmente, o que pode levar ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.


Além disso, a descoberta oferece esperança de um diagnóstico mais precoce e a possibilidade de intervenções que retardem o início dos sintomas da doença de Alzheimer.


Ao compreender melhor as variações específicas na forma de afetar o cérebro, os pesquisadores podem abrir caminho para terapias mais precisas e medidas preventivas adaptadas a cada subtipo dessa doença complexa.



Cinco subtipos identificados


A equipe liderada por Tijms realizou um extenso estudo de proteínas no líquido cefalorraquidiano de pacientes com Alzheimer e de indivíduos de controle, descobrindo diferenças marcantes entre os subtipos da doença.


Essas diferenças vão desde o aumento da produção de amiloide no subtipo 1 até alterações na barreira hematoencefálica no subtipo 5. Cada variante do Alzheimer tem características exclusivas, o que sugere que as estratégias de tratamento devem ser específicas para cada subtipo, em vez de se aplicar uma solução única para todos.


Além disso, os pesquisadores descobriram que cada subtipo tem um perfil de risco genético distinto e apresenta variações nos resultados clínicos, no tempo de sobrevivência e nos padrões de atrofia cerebral.


Por exemplo, o subtipo caracterizado pela hiperplasticidade mostra uma resposta de crescimento celular excessivo, levando ao acúmulo de proteínas amiloide e tau. Por outro lado, no subtipo com ativação imune inata, o sistema imunológico ataca excessivamente o tecido cerebral saudável.



Implicações para o tratamento


Essa descoberta é fundamental, pois implica que alguns medicamentos podem ser eficazes apenas em determinados tipos de doença de Alzheimer.


Os medicamentos que têm como alvo a redução da amiloide podem ser benéficos para subtipos com alta produção de amiloide, mas podem ser prejudiciais para subtipos com baixa produção de amiloide.


Uma abordagem personalizada do tratamento do Alzheimer pode ser fundamental para o desenvolvimento de terapias mais eficazes, adaptadas às necessidades individuais de cada paciente.


As descobertas de Tijms e sua equipe podem ser fundamentais para o desenvolvimento de novos medicamentos para Alzheimer.


Se a variante de cada paciente puder ser identificada, os ensaios clínicos poderão ser direcionados para testar medicamentos específicos para cada subtipo. Isso poderia melhorar significativamente a eficácia dos tratamentos e abrir novos caminhos para o enfrentamento dessa doença complexa.



Pesquisa indica ligação entre herpes e Alzheimer


Há anos que os pesquisadores usam a análise de dados para tentar provar a ligação direta entre infecções virais e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, demênciaParkinson e esclerose múltipla.


Atualmente, a principal suspeita cai sob os diferentes vírus do herpes, que não só causam bolhas desagradáveis e dolorosas, mas também, dependendo do tipo: catapora, herpes zoster e mononucleose infecciosa. Os vírus do herpes também podem estar associados ao desenvolvimento de esclerose múltipla e vários tipos de câncer.


Quando se trata de herpes, muita gente pensa logo nas pequenas bolhas que aparecem na boca, causadas pelo vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1). O tipo 2 (HSV-2) causa bolhas na área genital. Diversos estudos já mostraram que indivíduos com HSV-1 têm um risco maior de desenvolver Alzheimer.


Através de exames de sangue e ressonâncias magnéticas cerebrais, pesquisadores da Universidade de Columbia, em Nova York, conseguiram provar que o córtex cerebral em infectados com HPV-2 é mais fino do que em pessoas que não carregam o vírus. Para o estudo publicado na revista especializada Journal of Neurological Sciences, foram avaliados dados de 455 pessoas com idade média de 70 anos e comprovadamente infectadas pelo HPV-2.


"Nossos resultados sugerem que a soropositividade do vírus do herpes simples do tipo 2 pode contribuir para a aceleração do envelhecimento cerebral, o que possivelmente leva ao aumento da predisposição a danos cognitivos e doenças neurodegenerativas na população idosa", indica o estudo.


Um córtex cerebral mais fino é muitas vezes sinal da doença de Alzheimer. Essa camada externa do cérebro é principalmente responsável pelas habilidades cognitivas, ou seja, pelo processamento de percepções sensoriais e pela memória. Na doença de Alzheimer, muitas proteínas anormais chamadas beta amiloide e tau se acumulam no córtex cerebral.


Devido a esse acúmulo, a química interna da célula muda. O amiloide se aglomera para formar "placas" e a proteína tau se agrupa em feixes de fibras, os chamados "emaranhados". Isso leva à necroptose, ou seja, a morte das células cerebrais.



A herpes tipo 2 acelera o envelhecimento cerebral?


Por se tratar de um estudo de correlação, a nova pesquisa, porém, ainda não pode comprovar se o HSV-2 realmente desencadeia o Alzheimer. Ela indica apenas uma possível ligação entre uma infecção por herpes e a ocorrência da doença de Alzheimer.


Quase todas as pessoas já foram infectadas com vírus do herpes simples em algum momento de suas vidas. Isso ocorre porque os vírus do herpes se adaptaram incrivelmente bem aos seres humanos.


– Os vírus conhecem tão bem o sistema imunológico que, no curso da evolução, desenvolveram contramedidas sofisticadas para enganar de maneira inteligente o sistema imunológico – diz a bióloga Melanie Brinkmann, coordenadora do grupo do Centro Helmholtz de Pesquisa de Infecções (HZI) e professora da Universidade Técnica de Braunschweig.



Quais são os tipos de vírus da herpes?


Os super adaptáveis vírus do herpes incluem mais de 200 tipos conhecidos, nove dos quais são específicos para humanos. Entre eles estão os vírus do herpes simples tipo 1 e 2, o varicela-zoster, que causa varicela e herpes zoster, e o vírus Epstein-Barr, que causa mononucleose infecciosa e que também pode estar associado ao desenvolvimento de esclerose múltipla e vários tipos de câncer.


Uma vez infectado, o vírus permanece no corpo por toda a vida. Muitas vezes o contágio é assintomático e os vírus ficam no corpo no chamado estado de latência. Somente quando o corpo está enfraquecido por uma forte infecção ou estresse que sintomas como as conhecidas bolhas aparecem.


Apesar de a efetiva comprovação da ligação entre infecções virais e doenças neurodegenerativas ainda permanecer em aberto, essas descobertas ajudam no desenvolvimento de terapias eficazes e possíveis vacinas.



Como se proteger dos vírus da herpes?


Até o momento, não há nenhuma vacina aprovada contra o vírus da herpes simplex. Um imunizante contra a herpes simplex-2 está sendo desenvolvido pela BioNTech. A pesquisa está em fase de testes clínicos.


Quem ainda não carrega o vírus do herpes pode se proteger da infecção apenas com a distância. Esses vírus são transmitidos por gotículas e contato. Na região genital, os preservativos podem reduzir o risco de infecção.


Já em quem carrega o vírus, um sistema imunológico forte ajuda mantê-lo em um estado dormente de latência. Para não enfraquecer o sistema imunológico, deve-se evitar esforço físico extremo, estresse e infecções desnecessárias, por exemplo, por meio da vacinação.




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