Por mais problemas (foram poucos) que tenha causado dentro de campo à Seleção, o Peru - adversário do time de Carlos Alberto Parreira neste domingo, em Lima - conseguiu perturbar ainda mais o futebol brasileiro num dia em que não enfrentou o país.
O episódio completou 25 anos em julho, e o Peru tenta esquecê-lo. "Aqui nem se fala mais nisso", atesta o técnico Paulo Autuori, que dirige a equipe atualmente.
O jogo em questão (Argentina 6 x 0 Peru, na fase semifinal da Copa de 1978) até hoje tem reflexos no comportamento da torcida peruana nos jogos contra o Brasil. O nacionalismo aflora, como a hostilização ao atacante Ronaldo evidencia.
Em português claro, a seleção peruana é acusada de ter vendido o resultado da partida para os anfitriões daquela Copa. O assunto era tratado como rumor até que o goleiro Quiroga, que "defendia" a meta do Peru no fatídico jogo, revelou há alguns anos ter havido um "acerto" para facilitar a goleada que abriu o caminho da Argentina rumo ao primeiro título mundial e, em contrapartida, relegou o Brasil à disputa do terceiro lugar.
Mesmo com a confissão de seu goleiro (que, na verdade, era argentino de nascimento), os peruanos não aceitam a pecha de mercenários. Lembram que, no segundo minuto do polêmico duelo, sua equipe chutou uma bola na trave. É verdade. Depois, porém, foi impotente para conter uma avalanche de gols argentinos, que entraram em campo conhecendo o resultado de que precisavam (a Seleção tinha jogado horas antes).
Dentro de campo
A história dos confrontos entre Brasil e Peru não deixa margem a dúvida: a Seleção sempre foi bastante superior. Nas 35 vezes em que se enfrentaram, os brasileiros venceram 24, empataram sete e só perderam quatro, a última delas em 1985, num amistoso em Brasília.
Nesta história de quase 70 anos (o primeiro confronto foi em 1936), a Seleção marcou 77 gols e só sofreu 26. A maior goleada foi registrada em 1997, na Copa América da Bolívia, quando o time então comandado por Zagallo venceu por 7 a 0.