Peru: assassinos de ambientalistas são condenados a 28 anos de prisão

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Publicado Sexta, 12 de Abril de 2024 às 11:37, por: CdB

Morte de quatro indígenas e ambientalistas na fronteira entre o Peru e o Brasil ocorreu em 2014 e ficou conhecido como Saweto. O crime gerou uma onda de críticas contra as autoridades peruanas pela pouca atenção dada aos apelos à defesa das florestas.


Por Redação, com CartaCapital - de Lima/Brasília


Um tribunal peruano sentenciou na quinta-feira, a 28 anos e três meses de prisão, os cinco assassinos de quatro líderes indígenas Asháninkas, defensores dos recursos naturais em uma região da Amazônia na fronteira entre o Peru e o Brasil, um crime cometido em 2014.




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Indígenas peruanos foram ao tribunal acompanhar o julgamento dos assassinos de Edwin Chota, Jorge Ríos, Leoncio Quintisima e Francisco Pinedo

– Foram condenados a 28 anos e três meses de prisão efetiva como coautores de homicídio qualificado – disse a juíza Karina Bedoya, do Juizado Penal Colegiado de Ucayali, na cidade de Pucallpa (nordeste), detalhando que a sentença entrará em vigor a partir do momento em que os condenados forem detidos.


Edwin Chota, Jorge Ríos, Leoncio Quintisima e Francisco Pinedo foram assassinados em 1º de setembro de 2014 na frente de membros de sua comunidade nativa Alto Tamaya-Saweto. Eles eram ameaçados por defenderem seu território e denunciarem o desmatamento, atividade que afeta o ecossistema e a biodiversidade da região, e deixaram 17 órfãos.


Os condenados são os irmãos Josimar e Segundo Atachi, José Carlos Estrada, Hugo Soria e Eurico Mapes. O Ministério Público havia pedido 35 anos de prisão.


A decisão do caso que ficou popularmente conhecido como Saweto foi bem recebida pelos familiares e indígenas Asháninkas presentes na audiência, que portavam seus arcos e flechas.


– Estou feliz com a sentença. É uma conquista de 10 anos – disse à agência francesa de notícias AFP Lita Rojas, viúva de Leoncio Quintisima.


Entre os presentes na audiência estava o ministro da Justiça do Peru, Eduardo Arana, e representantes diplomáticos de Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e Nações Unidas.


O julgamento começou em novembro de 2023 e se tratava de um segundo processo para os acusados, que foram condenados em primeira instância a 28 anos, em fevereiro de 2023.



Familiares das vítimas


Contudo, um tribunal de apelações anulou essa decisão e ordenou a realização de outro julgamento, alegando “irregularidades” com um depoimento, segundo o advogado dos familiares das vítimas, Yusen Caraza.


Além das condenações, a juíza Bedoya determinou que cada família das vítimas deverá receber uma indenização de 50 mil sóis (pouco mais de R$ 68 mil ).


O crime gerou uma onda de críticas contra as autoridades peruanas pela pouca atenção dada aos apelos à defesa das florestas e à proteção das lideranças indígenas por conta das ameaças das máfias de madeireiros.


Edwin Chota era uma figura pública que havia se tornado referência para grupos ambientais e meios de comunicação internacionais por sua defesa da floresta amazônica.


Segundo a ONG Global Witness, desde 2012, foram assassinados no Peru ao menos 54 defensores da terra e do meio ambiente, dos quais mais da metade pertencia a etnias indígenas.




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