PC Guimarães retira-se à última morada, em Visconde de Mauá

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Publicado Sexta, 06 de Outubro de 2023 às 12:40, por: CdB

Colunista do Correio do Brasil na primeira década deste século, PC Guimarães já exercitava sua absoluta parcialidade em favor do Glorioso, com imenso orgulho. Tão apaixonado quanto PC pelo Botafogo, o jornalista Fábio Lau publicou na página dele em uma rede social o texto que a também jornalista e amiga Christina Tavares redigiu em uma homenagem ao amigo que transcendia o virtual.


Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro

Amigos e admiradores do jornalista e escritor Paulo Cézar Guimarães, 70, o PC Guimarães como era conhecido por todos, despediram-se dele nesta sexta-feira em sepultamento no Cemitério de Visconde de Mauá, uma pequena aldeia no alto da serra, lugar que ele amou a vida inteira e escolheu para viver os seus últimos dias. Vítima fatal de um infarto, na noite passada em sua casa, PC deixa mulher, filha e um sem-número de leitores queridos, tristes e consternados.

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Intelectual refinado, PC Guimarães era também dono de um senso de humor fino e mordaz


Botafoguense absolutamente apaixonado, “PC Guimarães era um menino”, escreveu o amigo Gilson Caroni Filho, sociólogo ao lado de quem o jornalista conviveu por décadas na sala dos professores de uma universidade carioca. “Incapaz de ferir alguém, seu humor tinha a ingenuidade da criança que sempre o habitou. ‘Roubaram o Botafogo’. ‘Cadê o Cid Benjamim?’. ‘Somos escolhidos, somos diferentes’. Quem nunca se divertiu lendo seus posts? Amigo, seu Fogão vai ganhar o Brasileiro”, antecipa o mestre.

Colunista do Correio do Brasil na primeira década deste século, PC Guimarães já exercitava sua absoluta parcialidade em favor do Glorioso, com imenso orgulho. Tão apaixonado quanto PC pelo Botafogo, o jornalista Fábio Lau publicou na página dele em uma rede social o texto que a também jornalista e amiga Christina Tavares redigiu em uma homenagem ao amigo que transcendia o virtual.

Mestre


“E foi muito antes de ter ganhado a rifa quando sorteou o caixotinho que PC trouxe na sua última vinda ao Rio!”, frisa Fábio Lau.

“Pc Guimarães , brilhante escritor

Lembrar do mestre Ziraldo nesses tempos de homens violentos e suas armas ameaçadoras é vital. O mestre, no trecho final de ‘O menino maluquinho’, conta: “E aí foi que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho...ele tinha era sido um menino feliz!”.

“Não conheço PC Guimarães pessoalmente, mas mesmo à distância dá para distinguir que ele é da tribo dos meninos maluquinhos. Gente de boa com a vida. Pronto para espalhar alegria, não se levar a sério, mas mesmo assim gerar reflexão sobre o estado de coisas desse mundo torto e arado.

“Minha tentação é imaginar nosso encontro em 1970 no festival Woodstock. PC gosta de cores e o vejo com calças coloridas, cabelos ao vento curtindo “unzinho”. Tal qual a juventude do final dos anos 1960 pedindo “Faça amor, não faça guerra”. Olhar o mundo com lirismo nunca vai sair de moda.

Giverny


“É um intelectual respeitado, jornalista ético, muito amado por milhões de amigos e dezenas de ‘sobrinhos’. A inteligência explode quando consegue rir de si mesmo. Debochado, mas também tem o humor requintado.

“Ele puxa nossas mãos para passeios virtuais com a naturalidade de quem descasca uma laranja da terra enquanto troca um dedo de prosa. Na sua última viagem à Europa, estive junto pelos lugares que andou, fotografou e escreveu.

“Uma viagem maravilhosa junto com Bebeth, grande amor dele.

“PC é amoroso, é artista, é justo! Só faz “maldades” com flamenguistas e golpistas. É, por assim dizer, outro exímio dominar do galope do riso à Ariano Suassuana – a arte de sorrir não “do outro”, mas “com o outro”.

“Não sei se mora em Giverny ou Visconde Mauá. Tem muitas flores. Sempre à sua volta como a emoldurar um jeito de levar a vida.  Fotografado por todos os lados e ângulos, nem liga. Tira onda.  Também não sei muito da ‘Casa Rosada’. O talento está na pintura da casa e nos exercícios da arterapia. O grande ‘Ique’ tem monumento pintado por PC.

Maluquinhos


“Sandro Moreira está na minha estante, mas não consigo saber que fim levou o “ Armando” e as centenas de entrevistas. PC sabe bem com quem andar.

“Confesso: sei pouco dessa adorável criatura. Até prometi ensiná-lo a fazer um feijão tropeiro bem mineiro. Mas talvez este seja um caso do sei pouco acabar virando ‘já sei muito’. Único conselho que dou ao PC: não se meta na cozinha. Seu pão vira carvão!

“Um cara bacana. Faz diferença na vida. Grande companheiro de pandemia. A sua fala, a sua figura, acompanhou-nos durante os anos sombrios de vírus e virulentos. De abjetos. Não sei direito se é um gnomo. Vai ver é vaga-lume. E isto não é trocadilho com certo cigarro predileto! Talvez seja sabiá porque atrai flores. Talvez seja nuvem cigana. Coisas das tribos dos maluquinhos”, conclui.

Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.

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