Paraguai, em luto, conta 296 mortos após incêndio

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Publicado Segunda, 02 de Agosto de 2004 às 05:34, por: CdB

Um incêndio em um supermercado lotado nos arredores da capital do Paraguai neste domingo matou pelo menos 296 pessoas, disse a polícia. Mais de 100 pessoas ficaram feridas no inferno que, segundo autoridades, começou com uma explosão de gás perto da praça de alimentação do enorme supermercado Ycua Bolanos, causando o desabamento de parte do telhado. As chamas tomaram um estacionamento embaixo. A polícia disse que o número de vítimas deve subir.

"Não há palavras para isso", disse Orlando Correa, chorando, depois de identificar o corpo de seu sobrinho de seis meses de idade. Ele procurava a irmã em meio a filas de corpos colocados em uma discoteca perto do local, que foi improvisada como necrotério.

A polícia disse que estava investigando relatos de pessoas que teriam ficado presas quando o supermercado fechou as portas para evitar saques e evitar que os compradores saíssem sem pagar. Bombeiros encontraram a porta principal fechada quando chegaram, disse a polícia, mas diretores do supermercado negaram que ela estivesse fechada.

O Paraguai, que tem 6 milhões de habitantes, está classificando o incêndio como a maior tragédia no país desde uma guerra em 1930 com a Bolívia, que matou milhares de pessoas.
Em cenas caóticas, equipes de resgate carregavam corpos, alguns escurecidos pelas queimaduras e pela fumaça, para fora do supermercado. Bombeiros retiravam partes de corpos carbonizados em macas. A televisão disse que havia cerca de 700 pessoas no prédio no momento da tragédia, mas não há estimativa oficial.

"Ainda há corpos dentro do prédio, mas os bombeiros não podem entrar por causa das ruínas e do perigo de desabamento",  disse à Reuters o chefe da polícia paraguaia Humberto Nunez.
Alguns dos corpos queimados foram encontrados abraçados dentro do supermercado, incluindo o de uma mulher com uma criança nos braços, disseram bombeiros a uma rádio local. 

Outras vítimas foram queimadas vivas em seus carros quando o fogo alastrou-se pelo estacionamento abaixo do supermercado, disse a televisão local. Dezenas de ambulâncias e carros de bombeiros concentraram-se na frente do supermercado, localizado em um bairro de trabalhadores, e onde gente de todas as classes sociais faz compras aos domingos. A fumaça preta ainda saía pelo telhado seis horas depois do incêndio.

O dono do supermercado foi detido e está sendo investigado, disse o gabinete do procurador.
Alguns sobreviventes foram levados por caminhões a hospitais. Uma mulher chorava na frente do local, esperando por notícias de seu filho de 14 anos. "Preciso de informação sobre o meu filho. Ele não está em nenhum dos hospitais com os quais falei", disse.

"É um momento de enorme dor e tensão, e estamos aqui para dar uma voz de apoio às pessoas que estão sofrendo tanto", disse o presidente paraguaio, Nicanor Duarte Frutos, que foi com a mulher para o local.

O desastre forçou o sistema de emergência de um dos países mais pobres da América do Sul. A televisão mostrou bombeiros tentando conter vazamentos em mangueiras com as solas de suas botas. A mídia local pediu para os cidadãos doarem suprimentos básicos, como luvas, para hospitais.

 

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