Falando a repórteres a bordo de seu avião pouco após deixar Roma para a capital da Armênia, Yerevan, Francisco sugeriu que o resultado do referendo deve ser respeitado porque representa a vontade do povo
Por Redação, com Reuters - de Roma/Bruxelas/Paris:
O papa Francisco disse nesta sexta-feira que a decisão britânica de deixar a União Europeia deve ser seguida por "garantias" pelo bem tanto do Reino Unido como de países do continente.
Falando a repórteres a bordo de seu avião pouco após deixar Roma para a capital da Armênia, Yerevan, Francisco sugeriu que o resultado do referendo deve ser respeitado porque representa a vontade do povo.
– Foi a vontade expressada pelo povo e isto requer uma grande responsabilidade por parte de todos nós para garantir o bem do povo do Reino Unido, assim como o bem e coexistência do continente europeu – disse. "Isto é o que espero", acrescentou.
Reino Unido não deve adiar saída
O Reino Unido precisa iniciar o processo de desfiliação da União Europeia imediatamente e permitir que o restante do bloco siga em frente mais unido, disseram líderes parlamentares europeus nesta sexta-feira, depois que os britânicos decidiram deixar a UE em um referendo.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que anunciou sua renúncia após o resultado do referendo de quinta-feira, disse que o Reino Unido não fará nenhuma notificação formal antes de outubro, assim que seu Partido Conservador tiver escolhido seu sucessor.
Manfred Weber, chefe do maior grupo político do Parlamento Europeu, o centro-direitista Partido Popular Europeu, pediu que Cameron ponha em marcha a saída do Reino Unido em uma cúpula da UE na terça-feira, e comece as negociações sobre a saída imediatamente.
– Temos o desejo do povo britânico na mesa – disse Weber a repórteres, dizendo que agora o rompimento precisa ser implementado e que "a coisa mais importante é que façamos isso muito rapidamente".
Qualquer país da UE que queira deixar o bloco tem dois anos para negociar os termos do divórcio, começando no momento em que notifica formalmente a UE de sua intenção de se desfiliar.
Mas alguns apoiadores da saída britânica insinuaram que Londres pode adiar essa notificação para ganhar tempo para conversas informais sobre o melhor acordo de desfiliação possível.
Weber disse que a UE não pode esperar enquanto os políticos britânicos discutem quem será o próximo premiê.
– Precisamos evitar um período longo de incerteza, e o continente europeu não pode ficar ocupado com uma batalha interna dos conservadores (britânicos) sobre quem será o próximo líder do partido e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha.
Guy Verhofstadt, proeminente federalista europeu que lidera o terceiro maior bloco do Parlamento Europeu, afirmou não ter paciência para um "pega para capar interno do Partido Conservador" e disse que o rompimento do Reino Unido torna mais fácil para o resto da UE se unir.
– Isto encerra uma discussão de quase 40 anos de opções de entrada, opções de saída, abatimentos, contingenciamentos e não sei mais o que – disse Verhofstadt, líder dos liberais centristas, em referência às condições especiais que o Reino Unido desfrutou durante sua permanência na UE.
A saída é uma chance de transformar o bloco "no que os pais fundadores tinham em mente a princípio", afirmou, "não uma confederação frouxa paralisada por uma regra de unanimidade que sempre rendeu pouco e tarde demais".
Diante da perda de um membro tão importante da união e dos temores de que o referendo possa inspirar outros eurocéticos do continente, líderes da UE podem pressionar por uma demonstração de unidade rápida, inclusive em cooperações de defesa e segurança.
Hollande
O presidente da França, François Hollande, disse respeitar a decisão britânica de deixar a União Europeia e que as negociações sobre a saída precisam ser rápidas.
Hollande disse ainda que o resultado pela saída representa um sério desafio para a Europa e que o bloco precisa focar em suas prioridades como segurança e defesa, proteção das fronteiras e criação de empregos, assim como reforço da zona do euro.
– A votação britânica é um duro teste para a Europa – disse Hollande em discurso televisionado.