Onda de terror na Rocinha assusta o Rio

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Publicado Segunda, 12 de Abril de 2004 às 10:59, por: CdB

Mais de 1.200 policiais civis e militares deram início nesta segunda-feira a uma operação especial nas favelas do Vidigal e Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, após um confronto com traficantes de drogas ter provocado nove mortes desde sexta-feira e espalhado medo na população da cidade.

O governo estadual reagiu com o anúncio da construção de um muro de três metros de altura cercando a Rocinha, Vidigal, Chácara do Céu e Parque da Cidade.

- Conversando com o secretário de Segurança Anthony Garotinho e a governadora Rosinha, chegamos à idéia do muro, que é antiga. Ela tem de ser feita urgentemente. Você não vai acabar com o crime delimitando a favela...O muro não é para acabar com a violência, é para delimitar território - afirmou a jornalistas o vice-governador e secretário do Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde.

Ele disse que o avanço das favelas está prejudicando programas sociais e chegando até a ameaçar a Floresta da Tijuca. ``Expansão ilimitada em nome do tráfico de drogas, nós não vamos permitir. Vamos limitar tudo. A floresta faz parte da beleza do Rio de Janeiro, é um fator econômico importante para a cidade.''

A Rocinha é a maior favela da América Latina, com quase 150 mil habitantes e fica entre São Conrado e Gávea, bairros nobres do Rio.

Entre os moradores do local, o sentimento geral era de precaução e medo.
``É uma situação chata, tá perigoso, a gente tem que ficar dentro de casa...Tem que tomar muito cuidado, a qualquer momento a gente pode ser baleado como tem acontecido aí'', contou à TV Reuters o morador da favela Alexandre César Silva, que trabalha em um produtora de vídeo.

Assim como a barreira erguida por Israel para isolar territórios palestinos, a proposta da construção do muro no Rio de Janeiro começa a gerar polêmica.

O secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, criticou a idéia e descartou o envio das Forças Armadas para combater o tráfico no Rio.

``Não se pode fazer cordões sanitários para separar as pessoas, isso não pode existir. Se for para proteger a Floresta da Tijuca, tudo bem, mas não para segurar as pessoas'', afirmou, durante um evento da Petrobras no centro do Rio nesta segunda-feira.

Sobre as Forças Armadas, disse que as intervenções ocorridas no passado se mostraram ineficazes pela falta de preparo dos militares para lidar com assuntos cotidianos.
Para o prefeito César Maia, a proposta é ``inacreditável''.

``Estamos em um conjunto de autistas, que fazem uma proposta inacreditável... Querem fazer uma espécie de parque temático do tráfico de drogas e da cocaína'', disse.

No departamento de engenharia da prefeitura, um fonte declarou que não acredita que a obra seja erguida, já que teria um enorme impacto social e custos altos.

``A gente começou a fazer um muro de pedra em 1996 na favela do Vidigal para estabelecer esse limite, mas acabou ficando caríssimo em função de sérios problemas de drenagem. A gente acabou abandonando o muro em 1998 e optou por estabelecer o limite com trilhos e cabos de aço.''

``Os moradores também não aprovavam a idéia do muro porque eles gostam de sentir aquele pedaço como uma propriedade deles.''

A presença policial nas favelas acontece desde a última sexta-feira, quando cinco pessoas foram mortas depois de um confronto pelo controle do tráfico na região.

De acordo com a polícia, há cerca de 120 traficantes escondidos na favela da Rocinha. Eles seriam uma mistura de pessoas que controlam o tráfico no local e de outras que tentam conseguir o seu controle.

``A idéia do vasculhamento é espremer os traficantes em várias frentes'', explicou o comandante geral da PM Renato Hottz.

Os policiais irão se dividir no patrulhamento das favelas em um regime rotativo de três turnos, que vai vigorar por tempo indeterminado. Ao todo, 990 policiais estarão envolvidos nesta operação e outros 247 participarão de incursões espe

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