A Organização Meteorológica Mundial diz que 2012 regista um derretimento recorde no Ártico, múltiplos eventos climáticos e será um dos 10 anos mais quentes. Por Fabiano Ávila do Instituto CarbonoBrasil Artigo |29 Novembro, 2012 - 19:21 Predomínio dos tons de laranja destaca como as temperaturas na superfície terrestre entre janeiro e outubro de 2012 ficaram acima da média entre 1961 e 1990 / OMM
Apesar de toda a criatividade dos céticos, está a ficar cada vez mais difícil achar argumentos para negar as mudanças climáticas. A Organização Meteorológica Mundial divulgou nesta quarta-feira (28) uma avaliação preliminar de 2012 e o que se apresenta é o cenário completo de um planeta sob o efeito do aquecimento global como foi previsto anos atrás por cientistas.
Segundo a OMM, a temperatura média de 2012 até agora foi de 14.45oC, quase meio grau acima da média entre 1961 e 1990. Se seguir neste ritmo, o ano deve ser o nono mais quente da história, mesmo sofrendo forte influência do fenómeno La Niña, que provoca a queda das temperaturas.
“A variação climática decorrente de eventos como o El Niño e La Niña ocorreu, mas não alterou a tendência do aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas resultantes das atividades humanas”, afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.
Em 2012, também foi registado o nível mais baixo já visto em termos de extensão de gelo no Ártico, com 3,41 milhões de quilómetros quadrados no dia 16 de setembro. A marca é 18% menor do que o recorde anterior, medido em 2007.
“A taxa alarmante do derretimento vista neste ano destaca as transformações que estão a acontecer na biosfera e nos oceanos. As mudanças climáticas estão a acontecer diante dos nossos olhos e prosseguirão como um resultado da concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera, a qual tem aumentado constantemente”, declarou Jarraud.
Dados da OMM divulgados no último dia 21 mostram que a concentração dos três principais gases com efeito de estufa atingiu um recorde em 2011, sendo que o dióxido de carbono já chega a 390,9 partes por milhão na atmosfera, uma elevação de 140% em relação ao nível pré-industrial.
A avaliação preliminar de 2012 revela ainda que o ano foi assolado por diversos extremos climáticos, como secas, enchentes e tempestades.
Segundo a OMM, cerca de 65% do território dos Estados Unidos sofreu com a seca em 2012. Situação pela qual também passaram China, Rússia e os países mediterrâneos. O nordeste brasileiro estará ainda a enfrentar neste momento a pior seca dos últimos 50 anos.
A região do Atlântico experimentou um número de furacões e tempestades acima da média histórica pelo terceiro ano consecutivo. O maior destaque ficou com o Sandy, que causou centenas de mortes e milhares de milhões em prejuízos no Caribe e nos EUA.
A OMM divulgará no próximo dia 4 o relatório “2001-2010, A Decade of Extremes”, uma parceria com as Nações Unidas e agências internacionais, que descreverá como a tendência de aquecimento afetou todo o planeta na última década, com impactos na saúde pública, segurança alimentar e no desenvolvimento económico.
Artigo de Fabiano Ávila do Instituto CarbonoBrasil