O nazifascismo na versão verde-amarela

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Publicado Sexta, 04 de Agosto de 2023 às 08:00, por: Rui Martins
O nazifascismo mundial ganha forças graças aos mesmos ingredientes que levaram o mundo à segunda guerra mundial: a depressão econômica capitalista.

O Brasil esteve à beira de embarcar numa aventura similar protagonizada por parte da elite política conservadora, de segmentos religiosos pentecostais, de setores militares e econômicos brasileiros, com acentuada presença dos empresários do agronegócio, insatisfeitos com os resultados da eleição.

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O Brasil escapou por pouco de se transformar no maior país nazifascista


O putsch de 08 de janeiro flopou por conta de que não havia consenso majoritário entre a população brasileira e a sociedade civil organizada, bem como dos segmentos acima referidos - políticos, igreja católica, militares e donos do PIB -, sobre a permanência de um governo que cedo demonstrou a quantas vinha.

Foi a primariedade golpista de elementos governamentais energúmenos e de sua intelectualidade pouco confiável - de gente como Olavo de Carvalho, de triste memória, a Ivens Gandra - que anistiou Lula como candidato capaz de vencer as eleições diante de uma avassaladora corrupção eleitoral a partir da máquina governamental e o uso midiático via internet de propaganda nazifascista.

A Alemanha de 1930 usou o rádio, então o novo meio de comunicação social de massa como elemento aglutinador de um país sufocado pelo Tratado de Versalhes, do pós primeira guerra mundial, para resgatar o orgulho alemão ferido e do seu povo submetido a um processo inflacionário e de miséria social imposto a um povo culto.

O partido nazista alemão cresceu nas asas de um discurso de ódio contra os vencedores da primeira guerra mundial e no estímulo a uma virada de mesa pelo povo alemão. Deu no que deu.

O Brasil enfrentou, em 8 de janeiro, a primeira tentativa de golpe articulado pelos segmentos de direita mais recalcitrantes e de seus adeptos ingênuos que, usando os novos meios de comunicação de massa da internet, e sob apelos patrióticos de brasilidade, conseguiu dividir o país numa polaridade que beirou uma guerra civil.

Três importantes ingredientes estavam dados na situação brasileira:
Coincidências?

- desemprego estrutural expresso numa taxa de cerca de 9% e num total de cerca de 10 milhões de trabalhadores desempregados;

- depressão econômica renitente há dez anos, com PIB médio de 1,0% aa. com a culpa de sua ocorrência colocada erradamente e intencionalmente pela mídia oficial e redes sociais como sendo fruto da corrupção política, e como grande culpada (que não é, ainda que contribua para a miséria social existente);

- descrédito do segmento político e seus partidos claramente fisiológicos.

Lula eleito, os golpistas desavisados acreditaram na possibilidade de sua destituição pelo golpe, mesmo que seus articuladores primários e covardes tivessem se ausentado do Brasil para se isentarem de eventuais represálias para o caso do fracasso que se prenunciava.

Os métodos políticos usados no Brasil de Bolsonaro são muito similares com aqueles usados na Alemanha nazista de antes de 1923 até 1933, mas principalmente após a ascensão de Adolf Hitler, um cabo do exército na primeira guerra mundial, ao poder.

O programa político nazifascista incorporava e praticava os seguintes métodos:

- criação de milícias paramilitares, como os camisas pardas, que promoviam arruaças violentas contra judeus, homossexuais, comunistas, ciganos, sociais democratas, alegando que o brio alemão conspurcado deveria ser restaurado em nome da pátria;

- uso ostensivo das insígnias simbólicas de sua doutrina, com a suástica embandeirada em desfiles monumentais - parecido com motociatas, não? - e tudo sob uma forma cartesiana de parada militar com o tradicional passo de ganso;

- propalava a superioridade da raça ariana à qual diziam pertencer, e como sendo portadores de uma inteligência superior adicionada a uma pretensa beleza e exuberância física;

- considerava como anomalias inaceitáveis de convivência aos pressupostos nazistas e prejudicial à coletividade germânica os portadores de necessidades especiais, aos quais relegavam um desprezo criminoso;

- promovia um exacerbado culto à personalidade do Führer (guia supremo em alemão) Adolf Hitler, como se fosse um Deus dotado de inteligência superior e capaz de conduzir a Alemanha ao apogeu do progresso nos vários níveis da existência humana, como um mito inquestionável;

- promovia putschs de agressivas violências, como o ocorrido numa cervejaria de Munique ainda em 1923, que frustrada, levou Adolf Hitler e Rudolf Hess à prisão e Hermann Göring, ferido, ao exílio na Áustria. Ali Hitler escreveu sua doutrina no livro Mein Kamp (Minha Luta) e voltou como salvador da pátria ultrajada. O auge dos atos violentos viria a ser o incêndio do parlamento alemão, o prédio do Reischstag, colocando a autoria de tal atentado aos comunistas, numa manipulação grosseira que serviu de justificativa para a instauração do Estado de Sítio e a ditadura completa;

- manipulou o poder judiciário e intimidou-o de modo a que promovesse julgamentos claramente facciosos e imparciais de adversários políticos;

- estimulou o armamentismo da população e, principalmente, dos gastos com poderio militar capaz de dotar a Alemanha de grande poder belicista;

- usou a propaganda nazifascista pelo novo veículo de comunicação de massa, o rádio, apregoando mentiras até que fossem aceitas como verdades incontestáveis e absolutas;

- criou campos de concentração nos quais aprisionou os adversários políticos do nazismo e, posteriormente, as etnias e doutrinas que consideravam nocivas aos seus interesses, numa multiplicidade de tais estabelecimentos da morte industrializada cada vez mais numerosos;

- endeusou o trabalho abstrato - em Auschwitz se lia na entrada arbeit macht frei (o trabalho liberta) - ao mesmo tempo em que escravizava milhões de prisioneiros em trabalhos forçados, nestes campos e nas indústrias alemãs, principalmente de produção de armamentos de guerra;

- Promoveu o genocídio de 50 milhões de seres humanos durante a segunda guerra mundial e, entre estes, 27 milhões eram russos, além de cerca de 6 milhões de judeus pelo simples fato de pertencerem à etnia judia, vindos de vários países dominados pelo regime nazista durante a guerra;

- terminou por ver a Alemanha destruída, derrotada e com seu mito imortal, que projetava 1.000 anos de poderio para o 3º Reich, morto pelo cometimento de suicídio juntamente com sua mulher, Eva Braun, seu sinistro Ministro da Propaganda, Joseph Goebbels com a mulher e seus 6 filhos. Seus corpos foram posteriormente incinerados e nunca encontrados.

Deu nisso a desventura nazista alemã!

Por Dalton Rosado, no blog Náufrago da Utopia.

Direto da Redação é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.

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