O alto custo das mudanças climáticas

Arquivado em:
Publicado Terça, 21 de Junho de 2022 às 10:49, por: CdB

Os países europeus, as entidades ligadas às organizações internacionais, os fabricantes de produtos de consumo, os agricultores e criadores, os arquitetos, enfim todas as profissões em todo mundo e todos os habitantes do planeta estão preocupados em diminuir a emissão de CO2, principal responsável pelo aumento da temperatura e pela mudança climática em todo planeta. TODOS? Não! Uma maioria dos dirigentes brasileiros, empresários, industriais e agropecuaristas parecem desconhecer ou estão pouco ligando para o aquecimento climático. A prova são as queimadas e desmatamentos na Amazônia para a criação de gado e a plantio extensivo de soja e outros cereais, irrigados com o bombeamento de reservas subterrâneas de água.  As enomes áreas já devastadas ajudam a acelerar a mudança climática e serão suas próprias vítimas com uma gradativa desertificação. Segue o texto de Celso Lungaretti.

Por Celso Lungaretti
DIRETO-CONVIDADO11-1-300x169.jpg
O desmatamento da Amazônia acelera a mudança climática
Lamento ter demorado mais tempo do que deveria para chegar à conclusão de que a humanidade poderá sobreviver às alterações climáticas mesmo sob o capitalismo, embora à custa de muita devastação e de um número assustador de óbitos.  
As estimativas atuais admitem a possibilidade de um aumento de 2,5°C ou menos na temperatura global em 2100, em comparação com os níveis pré-industriais.  Bem menos, portanto, do que os 4,5°C a 5°C antes previstos. A substituição dos combustíveis fósseis pela energia limpa está marchando mais rapidamente do que o esperado (alvíssaras!).
Mas, atenção para esta advertência de Ezra Klein, colunista do New York Times, no artigo Seus Filhos Não Estão Condenados Por Causa da Crise Climática:
"Ninguém deve confundir 2,5°C de aquecimento (ou mesmo 2°C) com sucesso. Causaremos danos incalculáveis a ecossistemas, haverá secas agravadas, inundações, fomes, ondas de calor. Teremos branqueado recifes de coral, acidificado o oceano, levado à extinção de inúmeras espécies.
 
Milhões, talvez dezenas de milhões, de pessoas morrerão com o aumento do calor e mais serão mortas por consequências indiretas da crise. Muitas mais ainda serão forçadas a fugir de casa ou viver uma vida de profunda pobreza ou sofrimento". 
Isto sem levarmos em conta a simultaneidade e possível sinergia entre as crises econômica e climática, que tornaria o preço a pagarmos ainda mais elevado. 
 
Mas, tenho a esperança de que os esforços para a sobrevivência, de tão árduos que eles se prenunciam, talvez habituem os seres humanos a agir exatamente como tais, passando a colocar a promoção do bem comum como prioridade máxima de suas existências e sepultando a escravização ao lucro. 
 
Ou seja, poderão abrir-se janelas revolucionárias. Depois de chegar tão perto da abismo, a humanidade talvez se convença de que precisa deixar de viver perigosamente. 
 
Afinal, p. ex., a crise dos mísseis cubanos fez EUA e URSS adotarem medidas para que nunca mais a guerra fria esquentasse tanto. 
 
E o susto de 1962 teve papel fundamental para dali em diante, até o final dos anos 60, o mundo assistir à mais profunda revolução de costumes de todos os tempos, além de quase chegar à revolução política propriamente dita na França e em alguns outros países.  
 
Por último, mantenho a advertência que sempre fiz: em circunstâncias extremas, as nações ricas priorizarão a salvação de sua gente, deixando as populações das nações periféricas entregues à própria sorte.
 
Mais um motivo para sacudirmos nossa tradicional letargia e começarmos a fazer a parte que nos cabe, pois a superação do capitalismo, cada vez mais necessária para a humanidade ter uma esperança de futuro, não nos virá por dádiva de ninguém, mas sim como consequência das difíceis lutas que travarmos.   (publicado originalmente no blog Náufrago da Utopia)
Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, militante contrq aDitadura militar, editor do blog Náufrago da Utopia.
Direto da Redação é um fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo