Niterói monta barreiras sanitárias para conter coronavírus

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Publicado Quarta, 14 de Abril de 2021 às 08:44, por: CdB

A prefeitura de Niterói, no Grande Rio, instalou nesta quarta-feira barreiras sanitárias nos principais acessos ao município. Agentes municipais estão aferindo a temperatura dos ocupantes do carro e poderão negar acesso a quem apresentar febre, como uma forma de reduzir a disseminação da covid-19 na cidade.

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro A prefeitura de Niterói, no Grande Rio, instalou nesta quarta-feira barreiras sanitárias nos principais acessos ao município. Agentes municipais estão aferindo a temperatura dos ocupantes do carro e poderão negar acesso a quem apresentar febre, como uma forma de reduzir a disseminação da covid-19 na cidade.
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Agentes medem temperatura nos principais acessos ao município
A medida provocou engarrafamentos na Ponte Rio-Niterói e na rodovia Niterói-Manilha, que liga o município a São Gonçalo. Às 8h30, a Ponte Rio-Niterói apresentava 5 quilômetros (km) de trânsito lento no sentido Niterói. Na Niterói-Manilha, a retenção chegava a 10 km, com destino ao Rio de Janeiro, no mesmo horário.

Transferência de pacientes

O secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Chaves, cobrou na terça-feira mais agilidade na transferência de pacientes com covid-19 que precisem de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). Segundo o secretário, o trabalho em algumas unidades de pronto atendimento (UPAs) tem deixado a desejar, causando demora na liberação de doentes que já têm vaga reservada em outro estabelecimento de saúde. "Sabemos quais são as unidades hospitalares e UPAs que estão fazendo isso. Não são todas. Aquelas que estão fazendo serão penalizadas. Não há tempo para brincadeira. Estamos em uma guerra", disse Chaves. O secretário fez a cobrança durante entrevista coletiva organizada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) para apresentar dados e ações em desenvolvimento em meio à pandemia. Conforme o balanço, em março, o tempo médio decorrido entre a reserva do leito de UTI e a internação de pacientes com covid-19 foi de oito horas. Em janeiro, o cenário era pior: a média de espera era de 11 horas. Os números são similares para os leitos de enfermaria. No mês passado, a média de tempo entre a reserva da vaga e a internação também foi de oito horas. Em janeiro, era de 10 horas. – Nosso trabalho atual, dia e noite, é acelerar a saída da unidade. Você não pode deixar o doente, já com a vaga certa, esperando oito horas para chegar em outra unidade. Tem que ter cobranças na ponta. Este é o mea culpa [admissão de culpa] que estamos fazendo – afirmou o secretário. Para Chaves, o tempo de transferência entre diferentes unidades tem sido um dos fatores que levam ao agravamento dos casos. Ele pediu que os municípios disponibilizem mais ambulâncias. "Em oito horas, o [quadro do] doente [se] agrava. O doente chega para a enfermaria e já dá precisa dar entrada na UTI." A subsecretária de unidades próprias da SES-RJ, Mayla Marçal Portela, infiomou que a pasta está entrando em contato com as unidades que têm registrado demora. "Isso não deveria ser um papel nosso. O paciente deveria estar pronto para ser transferido. Mesmo assim, estamos incansavelmente trabalhando em cima disso para poder otimizar esse tempo", afirmou. Questionado sobre o papel do comitê científico instituído por meio de decreto publicado na segunda-feira pelo governador interino Cláudio Castro, o secretário disse que sequer sabia que a estrutura seria criada e que esta não terá papel na SES-RJ. De acordo com o decreto, dez profissionais da saúde vão atuar na elaboração de recomendações, na avaliação do desempenho do Sistema Único de Saúde (SUS) e no desenvolvimento de relatórios. – Não tive nenhuma participação e nem sabia. Não tenho vínculo com ninguém" disse Carlos Alberto Chaves. "Eu sou técnico e não me envolvi nisso. Não tive tempo, estava levando as vacinas. Não tenho tempo para isso. Tenho tempo para salvar vidas – acrescentou o secretário.

Regulação

Dados sobre a disponibilidade de leitos também foram apresentados. Segundo a última atualização, feita na segunda-feira, 462 pessoas com covid-19 aguardam vagas de UTI, número que representa uma queda de 31% em sete dias. Segundo a SES-RJ, desde o dia 15 de março, foram criados 280 novos leitos nos hospitais estaduais e 156 nos hospitais federais localizados no estado. Os estabelecimentos de saúde de ambos os níveis somam atualmente 711 vagas de UTI e 548 de enfermaria. Esses números não incluem a rede privada e as unidades municipais. Uma questão tratada na apresentação da SES-RJ foram os desafios envolvendo a regulação do acesso, isto é, a organização, o controle e o gerenciamento dos fluxos no âmbito do SUS. Por meio da regulação, podem ser identificados vazios sanitários e lacunas assistenciais, elementos que devem ser levados em conta na elaboração de estratégias e políticas públicas. Entre os problemas que a pasta busca enfrentar estão a ausência de sistema informatizado que interligue o complexo regulatório em tempo real, a falta de protocolos pactuados entre todas as secretarias municipais de saúde, a inexistência de normas comuns para que se eliminem regulações paralelas de leitos e as falhas de comunicação entre as esferas federal, municipal, universitária e estadual. A secretaria prestou ainda informações sobre o Hospital Modular de Nova Iguaçu, inaugurado há 10 dias. O hospital está funcionando com 150 leitos, sendo 60 de enfermaria e 90 de UTI. As vagas serão expandidas gradativamente. A capacidade máxima é de 300 leitos. A unidade não atenderá demanda espontânea, apenas pacientes com covid-19 encaminhados pelo sistema de regulação. Será dada prioridade aos que estão internados em UPAs e unidades pré-hospitalares. As obras do Hospital Modular terminaram em junho de 2020 e custaram R$ 62 milhões. Uma série de imbróglios e questionamentos adiaram três vezes a inauguração. As atividades tiveram início no dia 3 deste mês abril. A unidade foi batizada Dr. Ricardo Cruz, em homenagem a um reconhecido cirurgião que morreu com covid-19 em dezembro do ano passado.
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