Nancy Pelosi chega a Taiwan e agrava crise diplomática com China

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Publicado Terça, 02 de Agosto de 2022 às 11:19, por: CdB

Pelosi foi recebida pelo ministro das Relações Exteriores da ilha, Joseph Wu, e sua chegada foi transmitida ao vivo pelo governo de Taiwan. Essa é a primeira vez desde 1997 que uma líder da Câmara dos EUA vai à localidade.

Por Redação, com ANSA - de Taipé/ Pequim

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, e uma comitiva de congressistas do país chegaram a Taipei, capital de Taiwan, nesta terça-feira e intensificaram ainda mais a crise diplomática com a China.
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Nancy Pelosi (de rosa) desembarca em Taiwan e é recebida pelo ministro das Relações Exteriores, Joseph Wu, na capital Taipei
Pelosi foi recebida pelo ministro das Relações Exteriores da ilha, Joseph Wu, e sua chegada foi transmitida ao vivo pelo governo de Taiwan. Essa é a primeira vez desde 1997 que uma líder da Câmara dos EUA vai à localidade. Na época, a visita do republicando Newt Gingrich também foi envolta em muita polêmica. Após o desembarque, Pelosi usou as redes sociais para dizer que a visita da delegação "honra o compromisso dos EUA em apoiar a vivaz democracia de Taiwan". "As nossas discussões com a liderança de Taiwan reafirmam o nosso apoio ao nosso parceiro e promovem os nossos interesses compartilhados, incluindo o progresso de uma região indo-pacífica livre e aberta", destacou. A democrata ainda afirmou que a visita "é mais uma das numerosas delegações do Congresso a Taiwan e não contradiz, de maneira nenhuma, a política de longa data dos Estados Unidos", reforçando que a ida não deve mudar o "status quo" da ilha. A comitiva norte-americana chegou ao território em um avião oficial da Força Aérea, um Boeing C-40C, e a aeronave foi acompanhada à distância por jatos militares SU-35 da China durante a travessia do estreito de Taiwan. A visita de Pelosi só ficou clara enquanto o avião estava no ar, sem ter nenhuma confirmação oficial de Washington antes do pouso. Na ilha, a comitiva deve se encontrar com os principais líderes políticos locais, como a presidente Tsai Ing-wen. A expectativa é que o grupo parta da localidade na noite desta quarta-feira ou na manhã da quinta. Quando os sistemas aéreos confirmaram que a aeronave estava indo em direção a Taiwan, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, publicou uma dura nota chamando os norte-americanos de "traidores" e acusando o país de ser "o maior destruidor da paz" no mundo. Para Wang, o princípio da China Única "é um consenso universal, a base política para as trocas da China com outras nações, o núcleo dos interesses fundamentais e uma linha vermelha e de fundo intransponível". Para Pequim, alguns políticos "se preocupam só com seus próprios interesses, brincam com fogo sobre Taiwan e tornam-se inimigos de 1,4 bilhões de chineses" e isso "não tem como terminar bem". Por sua vez, pouco antes da ida de Pelosi ao território, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que se houver uma crise ou um aumento da tensão "a responsabilidade é inteiramente de Pequim". O representante ainda afirmou que o Parlamento de Taiwan é "independente" e que a visita de políticos norte-americanos à ilha nos últimos anos é bastante frequente. Após o pouso da aeronave, o Escritório para Assuntos de Taiwan do Comitê Central do Partido Comunista Chinês afirmou que a visita "é uma escalada no conluio entre Taiwan e EUA, que tem uma péssima natureza e com consequências muito graves".

Estados Unidos

"Essa é uma grave violação da soberania e da integridade territorial da China, uma grave violação do princípio da China Única. A reunificação da pátria-mãe e o grande rejuvenescimento da nação entraram em um processo histórico irreversível. A pátria-mãe será unificada", diz ainda a nota. Os Estados Unidos são os principais fornecedores de armamentos para Taiwan e têm mantido uma postura que irrita a China cada vez mais ano após ano. Para Pequim, Taiwan é parte integral de seu território, com um governo autônomo. No entanto, cada vez mais políticos do local defendem a independência da ilha de Pequim. Na última semana, os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, conversaram por telefone por mais de duas horas e a questão de Taiwan foi central na conversa. Nas notas oficiais publicadas por ambos os governos após a discussão, os norte-americanos se comprometeram a respeitar a política da "China Única" e disseram que não apoiam a independência da localidade.
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