Moscou busca retornar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU

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Publicado Segunda, 09 de Outubro de 2023 às 15:20, por: CdB

A candidatura russa gerou ceticismo e a votação acontece poucos dias depois de um ataque com mísseis contra a cidade ucraniana de Hroza, que deixou mais de 50 mortos.


Por Redação, com CartaCapital - de Moscou


A Rússia, que foi expulsa do Conselho de Direitos Humanos da ONU quando invadiu a Ucrânia, tentará regressar ao órgão nesta terça-feira, uma possibilidade incerta que pode servir como um termômetro de seu apoio internacional.




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O presidente da Rússia, Vladimir Putin

A Assembleia Geral da ONU votará para eleger os 15 novos membros da organização com sede em Genebra, para mandatos entre 2024 e 2026.


Os 47 atuais membros do Conselho estão divididos por regiões, e cada grande grupo regional pode pré-selecionar seus candidatos que serão aprovados pela Assembleia Geral posteriormente.


No entanto, este ano dois grupos possuem mais candidatos do que vagas disponíveis: América Latina (Brasil, Cuba, República Dominicana e Peru concorrem a três vagas) e Leste Europeu (Albânia, Bulgária e Rússia competem por duas).


A candidatura russa gerou ceticismo e a votação acontece poucos dias depois de um ataque com mísseis contra a cidade ucraniana de Hroza, que deixou mais de 50 mortos.


“Esperamos que os membros da ONU rejeitem firmemente a absurda candidatura da Rússia”, declarou à agência francesa de notícias AFP um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, que pediu anonimato.


“Membros das forças russas violaram o direito humanitário internacional e cometeram crimes de guerra e contra a humanidade na Ucrânia”, acrescentou.



Invasão da Ucrânia


Mariana Katzarova, especialista da ONU, declarou recentemente que a repressão na Rússia aumentou desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022 e chegou a níveis “sem precedentes na história recente”.


Para aderir ao Conselho de Direitos Humanos, um país precisa reunir 97 votos dos 193 países-membros da ONU. Em abril de 2022, 93 nações votaram a favor da suspensão de Moscou do Conselho, 24 se opuseram à decisão.


Esta votação majoritária contra a Rússia foi menos desigual que outras resoluções em defesa da integridade territorial ucraniana, com a aprovação de cerca de 140 países.


Mas a situação deste conselho é mais complexa, uma vez que alguns países também são acusados de não respeitarem os direitos humanos e temem enfrentar o mesmo destino.


Voto secreto


A votação de terça-feira será secreta e poderá lançar luz sobre um mundo em que vários países em desenvolvimento estão fartos com a persistente atenção do Ocidente à Ucrânia.


– Penso que os diplomatas ocidentais em Nova York estão bastante preocupados com a possibilidade de a Rússia regressar furtivamente ao Conselho de Direitos Humanos” e isso seria “um desastre de relações públicas para a ONU em grande escala – disse Richard Gowan do International Crisis Group.


– A Rússia sempre sustentou que muitos membros da ONU simpatizam com ela de forma privada, mas em público têm medo de criar uma inimizade com as potências ocidentais – acrescentou, afirmando que Moscou espera que esta maioria silenciosa lhe apoie na votação.


Vassily Nebenzia, embaixador russo na ONU respondeu: “não existem faróis de democracia ou Estados pária, como às vezes é retratado. Nenhum Estado-membro pode afirmar estar imune a violações dos direitos humanos”.


Já Louis Charbonneau, da Human Rights Watch (HRW), afirmou que nenhum membro do Conselho “tem um histórico intocável”, mas acrescentou que “todos os países-membros da ONU deveriam admitir que o Conselho tem padrões de composição que a Rússia e a China desprezam”.


A HRW pediu a estes membros que também se abstenham de votar a favor de Pequim, visto suas violações dos direitos da minoria uigur na China, que é um dos quatro países do grupo regional asiático a competir por quatro vagas.


A organização não governamental também pede uma oposição à Cuba, enquanto outra ONG, o Serviço Internacional para os Direitos Humanos, rejeita não só as candidaturas russa e chinesa, mas também a do Burundi.


Outros candidatos na terça-feira serão Costa do Marfim, Malawi, Gana, Kuwait, Indonésia, Japão, Holanda e França.




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