Publicado Quinta, 24 de Março de 2022 às 09:48, por: CdB
O líder municipal ainda acusou as tropas russas de bloquear os comboios humanitários para a evacuação dos cidadãos "só para impedir que as pessoas voltem para territórios controlados pela Ucrânia contra a vontade delas".
Por Redação, com ANSA - de Kiev
A Ucrânia continua a acusar a Rússia de deportar a força milhares de cidadãos ucranianos que estão em Mariupol, cidade sitiada por tropas russas desde o início da guerra. Nesta quinta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oleg Nikolenko, afirmou que o número já passa de seis mil.
Mariupol vem sendo devastada por ataques pesados da Rússia
– Deportando forçadamente os cidadãos de Mariupol para seu próprio território, a Rússia se move em direção ao seu próximo nível de terror. 6 mil ucranianos já estão em campos onde são reféns. Comboios humanitários que estão fugindo para partes não ocupadas da Ucrânia ainda estão sendo bombardeados. Essa barbárie precisa acabar – escreveu em seu perfil no Twitter.
O prefeito de Mariupol, Vadim Boychenko, dá um número ainda maior depessoas forçadas a deixar a cidade e ir para a Rússia: cerca de 15 mil.
– Os invasores obrigam as pessoas já cansadas da guerra a entrar nos ônibus e as privam de seus passaportes e outros documentos de identidade ucranianos. As pessoas deportadas são primeiramente levadas para os chamados campos de classificação e de lá partem para várias cidades remotas da Rússia – disse Boychenko em uma mensagem divulgada no Telegram e repercutida por vários veículos de comunicação do país.
O líder municipal ainda acusou as tropas russas de bloquear os comboios humanitários para a evacuação dos cidadãos "só para impedir que as pessoas voltem para territórios controlados pela Ucrânia contra a vontade delas".
Comboio de 11 veículos
Um dia antes, Kiev acusou a Rússia de bloquear um comboio de 11 veículos e de sequestrar tanto os donativos enviados como os motoristas e os socorristas que estavam nos ônibus. Não se sabe para onde eles foram levados, apenas que o último contato foi a cerca de 15 quilômetros de Mariupol.
Nesta quinta, a vice-premiê Iryna Vereshchuk afirmou que Moscou não concordou com a abertura de nenhum corredor humanitário de e para Mariupol. Outros sete corredores foram concordados para hoje.
No fim de semana, a Ucrânia afirmou que as pessoas deportadas à força eram enviadas para cidades "falidas economicamente" da Rússia e que precisam ficar nelas por ao menos dois anos em trabalhos determinados pelas autoridades.
As informações não foram confirmadas por Moscou e nem de maneira independente por organizações internacionais por conta das dificuldades em campo.
A cidade portuária de Mariupol, localizada no Mar de Azov, é um ponto estratégico para a guerra tanto por ser uma porta de entrada marítima muito importante, mas também por permitir uma espécie de "corredor" russo entre a península da Crimeia, anexada em 2014, até as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk.
Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, há ainda cerca de 100 mil cidadãos presos no município e que vivem em uma grave situação humanitária, sem água, comida ou medicamentos.