Desde a deposição do presidente Pedro Castillo, em 7 de dezembro passado, mais de 50 pessoas já foram assassinadas e centenas foram feridas e presas pelo governo direitista de Dina Boluarte. A brutal repressão no sofrido país vizinho não é capa dos jornalões e pouco aparece nos telejornais do Brasil.
Por Altamiro Borges - de São Paulo
A mídia hegemônica brasileira, que no seu complexo de vira-lata adora satanizar Cuba, Venezuela e outras experiências latino-americanas que se contrapõem ao império dos EUA, tem dado pouco destaque à onda de violência no Peru.Cresce a resistência popular
Dina Boluarte, que era vice de Pedro Castillo e traiu os movimentos sociais, em especial, os indígenas, parece disposta a se perpetuar em seu poder ilegal. Ela decretou estado de emergência e está conduzindo, juntamente com o Exército, a violenta repressão. Apesar da brutalidade fascista, a resistência popular cresce no país. Nesta semana, segundo fontes do próprio governo, 74 piquetes bloqueavam estradas de 10 das 25 regiões do Peru. Já os aeroportos de Arequipa e Juliaca seguem fechados pelos militares para evitar protestos, assim como está suspenso o serviço ferroviário entre Cusco e Machu Picchu. Segundo o ativista peruano Oscar Apaza, em artigo postado no site Jacobin, “os protestos no Peru após o impeachment de Pedro Castillo não dão sinais que devem diminuir. Diante da repressão letal, os manifestantes não exigem mais apenas eleições, mas a renúncia da presidente Dina Boluarte e uma nova Constituição”. Ele descreve como a deposição e a prisão do presidente legitimamente eleito foi um golpe orquestrado pela oligarquia branca peruana, com apoio da Forças Armadas e da “mídia dominante”.Resistência popular está crescendo
O autor afirma que a resistência popular está crescendo, apesar das mentiras divulgadas pelo governo. “Boluarte parece ignorar o fato de que a dor pelos mortos, e o desejo de justiça que ela produz, tornou-se outra razão para se mobilizar. Os protestos não se referem mais apenas à exigência de eleições, trata-se de pessoas que exigem sua demissão imediata e uma nova constituição. As condições do Peru parecem gritar, parafraseando Emiliano Zapata, que se o povo não tiver justiça, o governo de Boluarte não terá a paz que está pedindo”.Altamiro Borges, é jornalista.
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