Melhora no nível de emprego tende a elevar inflação, adverte BC

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Publicado Sexta, 23 de Setembro de 2022 às 14:34, por: CdB

De acordo com o comunicado do Copom, há risco de um hiato do produto mais estreito do que o utilizado atualmente pelo comitê em seu "cenário de referência". O hiato do produto mede a diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo, e a situação do mercado de trabalho é um dos termômetros para estimar essa diferença.

Por Redação - de Brasília
O ranking da agência de classificação de risco Austin Rating mostrou que o Brasil tem a quinta maior taxa de desemprego em uma lista de 40 países, de acordo com informações publicadas na véspera. O índice de desemprego no país estava em 13,7% no trimestre até julho de 2021. No mesmo período de 2022, o mais recente com informações disponíveis, o indicador foi de 9,1%, uma taxa que só ficou abaixo das registradas em quatro nações em julho neste ano - Espanha (12,6%), Grécia (11,4%), Colômbia (10,6%) e Turquia (10,1%).
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O Banco Central do Brasil estabelece os mecanismos de controle da inflação
De acordo com o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, "precisamos avançar muito". "Isso depende do crescimento econômico e da melhora do ambiente de negócios", afirmou. No trimestre até julho de 2021, a China teve a única alta no indicador, de 5,1% para 5,4%. Essa leve melhora no mercado de trabalho, no entanto, traz risco de alta para a inflação no Brasil, segundo o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que anunciou a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano.

Termômetros

De acordo com o comunicado do Copom, há risco de "um hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho". O hiato do produto mede a diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo, e a situação do mercado de trabalho é um dos termômetros para estimar essa diferença. A taxa de desemprego de equilíbrio, ou seja, aquela que não interfere na inflação (também conhecida como Nairu), é uma das formas de medir a ociosidade da economia. Quanto menor a taxa de desemprego, mais renda é liberada na economia e há aumento na demanda, o que gera pressão inflacionária. Como não há um modelo único de cálculo para a Nairu, é um dado difícil de ser estimado. — É uma variável não observável, tem uma dispersão grande — disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em um evento no início do mês, duas semanas antes do Copom.

Observações

Iniciada em 2012, a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o mercado de trabalho, limita a análise por apresentar números apenas em um período curto, de acordo com economistas. Além disso, as observações incluem períodos conturbados, como a crise econômica de 2014 a 2016 e a pandemia de covid-19, que teve início em 2020 - o que também complica a avaliação. Apesar da incerteza em torno da Nairu, o BC entende atualmente, segundo Campos Neto, que ainda há espaço na economia para gerar emprego sem pressionar a inflação. — Mas, quanto mais a gente olha, mais a gente vê que o espaço diminuiu recentemente — concluiu.
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