Mauritânia extradita ex-chefe de espionagem de Gaddafi à Líbia
Por Kissima Diagana
NOUAKCHOTT, 5 Set (Reuters) - A Mauritânia extraditou o antigo chefe de espionagem do ex-líder líbio Muammar Gaddafi, Abdullah al-Senussi, para a Líbia nesta quarta-feira, informaram uma fonte do governo e a agência estatal de notícias do país, após meses de discussões sobre qual país iria julgá-lo.
Senussi, que estava entre os mais temidos membros do regime de Gaddafi --que foi derrubado por rebeldes no ano passado--, foi capturado em março no país do oeste africano, provocando um disputa entre a Líbia, a França e o Tribunal Penal Internacional para a sua extradição.
Um porta-voz do Tribunal Penal Internacional, organização que queria julgá-lo por acusações de crimes contra a humanidade, incluindo assassinato e perseguição, disse que não tinha recebido nenhuma informação sobre a entrega de Senussi às autoridades líbias em Trípoli.
"Ele foi extraditado para a Líbia com base em garantias dadas pelas autoridades líbias", disse uma fonte governamental da Mauritânia à Reuters, sem especificar que tipo de garantias foram dadas.
Uma delegação de alto nível da Líbia foi à Mauritânia na terça-feira, onde realizou reuniões com autoridades locais, disse a fonte. Não ficou claro se havia uma decisão judicial autorizando a extradição.
Em Trípoli, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores líbio, Saad al-Shelmani, disse que não poderia confirmar que a extradição de Senussi havia ocorrido, mas recebeu bem a notícia.
"Estamos pedindo por esta medida há muito tempo e vai ser muito bem-vinda, se for verdade", disse.
Senussi foi detido há seis meses depois de chegar com um passaporte falso de Mali em um voo do Marrocos para a capital da Mauritânia, Nouakchott.
O plano original da Mauritânia era colocá-lo em julgamento por entrada ilegal, uma estratégia que ameaçava atrasar os esforços para fazê-lo enfrentar a justiça internacional.
Em seu mandado de prisão a Senussi, o TPI de Haia disse que o chefe da espionagem usou de sua posição de comando para realizar ataques contra adversários de Gaddafi, que foi caçado e morto por rebeldes depois de sua deposição em agosto do ano passado.
A França quer julgá-lo por sua conexão com um bombardeio aéreo sobre o Níger, em 1989, em que 54 cidadãos franceses morreram.
(Reportagem adicional de Bate Felix, em Dakar, e Thomas Escritt, em Amsterdam; Texto de Richard Valdmanis)
Reuters