Rio de Janeiro, 19 de Setembro de 2024

Maior produtora de bananas do mundo condenada por bancar terroristas

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Terça, 11 de Junho de 2024 às 19:16, por: CdB

A Corte de Justiça decidiu também pela primeira vez que uma grande empresa dos EUA fosse responsabilizada por tais abusos de direitos em outro país, o que poderá levar a uma série de ações judiciais semelhantes envolvendo violações de direitos, ao redor do mundo.

Por Redação, com The Guardian – de Tallahassee, FL-EUA

Um tribunal da Florida ordenou, nesta terça-feira, que a companhia Chiquita Brands International, maior produtora de bananas do mundo, pagasse US$ 38 milhões às famílias de oito homens colombianos assassinados por um esquadrão da morte paramilitar, depois de provado em juízo que o gigante norte-americano da banana financiou a organização terrorista entre 1997 e 2004. A decisão é terminativa.

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Até ser desarmada como parte de um processo de paz em 2004 , as AUC foram responsáveis ​​pela maior parte das vidas civis perdidas no conflito

A sentença é histórica e ocorre após 17 anos de esforços legais. Trata-se da primeira vez que a multinacional de frutas paga indenizações às vítimas colombianas, abrindo caminho para milhares de outras pessoas buscarem restituição.

A Corte de Justiça decidiu também pela primeira vez que uma grande empresa dos EUA fosse responsabilizada por tais abusos de direitos em outro país, o que poderá levar a uma série de ações judiciais semelhantes envolvendo violações de direitos, ao redor do mundo.

— Este veredito envia uma mensagem poderosa às empresas de todo o mundo: lucrar com as violações dos direitos humanos não ficará impune — afirmou ao diário britânico The Guardian Marco Simons, da EarthRights, advogado de um dos escritórios que representa as famílias dos mortos pelos paramilitares.

 

Terrorismo global

A companhia declarou-se culpada ainda em 2007 por financiar “um terrorista global especialmente designado” e por pagar secretamente às Forças Unidas de Autodefesa da Colômbia (AUC) o total de US$ 1,7 milhão ao longo de sete anos, no auge do conflito brutal ocorrido na Colômbia, mas nunca antes havia sido condenada a pagar indenização às vítimas.

As AUC, de ultradireita, surgiram na década de 1980 para proteger os proprietários de terras dos rebeldes de esquerda, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mas se transformaram nos piores perpetradores de violações dos direitos humanos no país latino-americano.

 

Extorsão

Até ser desarmada como parte de um processo de paz em 2004 , as AUC foram responsáveis ​​pela maior parte das vidas civis perdidas no conflito que durou mais de seis décadas, na Colômbia, e deixou 450 mil mortos e milhões de deslocados de suas terras.

A Chiquita argumentou que foi extorquida pelas AUC e que os pagamentos eram necessários para proteger os seus funcionários dos marxistas armados. Documentos judiciais, no entanto, provaram que a Chiquita continuou a pagar às AUC mesmo depois que os paramilitares foram classificados como organização terrorista internacional nos EUA, em 2001, e que os executivos consideraram o pagamento como o “custo de fazer negócios na Colômbia”.

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