Líder do PR, em depoimento à Justiça, nega existência do 'propinoduto'

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Publicado Quarta, 28 de Outubro de 2009 às 10:52, por: CdB

Líder do PR na Câmara, o deputado Sandro Mabel (GO) negou, em depoimento nesta quarta-feira à Justiça Federal,  que a prática do "propinoduto" (suposto esquema de compra de votos de parlamentares da base aliada) tenha existido realmente. Ele segue a linha de raciocício da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que disse no processo ter conhecimento do caso apenas pelos jornais.

Mabel prestou depoimento na condição de testemunha na ação gerada após a CPI de mesmo nome. Mabel reforçou a tese de que não houve tais repasses e o caso lhe chegou ao conhecimento pela imprensa.

– Nem no (governo) Lula, nem no (governo) FHC (soube de oferta de dinheiro a parlamentares em troca de apoio durante votações no Congresso). Tenho conhecimento (do propinoduto) em razão do que foi divulgado pela imprensa e, na Câmara, fui envolvido em uma ação paralela, mas absolvido – disse no depoimento.

Sandro Mabel chegou a ser citado diretamente no escândalo pela deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), acusado de oferecer R$ 1 milhão e mensalidade de R$ 30 mil para ela se filiar ao então PL. O caso chegou à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde foi inocentado. O líder do PR, ouvido na condição de testemunha de defesa do ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio Soares, também negou qualquer ligação com o publicitário Marcos Valério, apontado como operador do propinoduto e acrescentou não saber de qualquer ato ilegal cometido por Soares, que conheceu em Goiás quando o militante era sindicalista.

– Conheço o Delúbio de Goiás, que é o meu Estado. Ele era do Sindicato dos Professores. Fazia muito barulho nas praças. A não ser as confusões que ele fez como sindicalista, mas no bom sentido, ele é uma pessoa tranquila. Conheço ele muito antes do governo Lula. Estávamos sempre em campos opostos – disse em juízo.

O deputado também negou a existência de qualquer compensação financeira aos congressistas quando da aprovação de reformas do governo Lula no setor elétrico, na previdência e no sistema tributário.

– Todas as reformas são muito difíceis. São disputas políticas, com muitos interesses sempre. Mas nunca ouvi que se fosse negociar dinheiro para isso (aprovação das leis) – afirmou.

Hoje ministro do Tribunal de Contas da União, o deputado José Múcio Monteiro foi outro a negar, em depoimento no início da semana, a participação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no propinoduto, "em hipótese nenhuma".

Múcio, que exerceu a coordenadoria política do governo Lula e a liderança do partido na época do escândalo, afirmou que a parceria entre o PTB e o governo não envolveu vantagem financeira em troca de apoio durante as votações no Congresso, embora a denúncia do uso de verbas estatais na compra de votos de parlamentares tenha sido formulada pelo então presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson.

Semana passada, o ex-ministro da Fazenda e deputado Antonio Palocci (PT-SP) também prestou depoimento no processo e negou ter conhecimento suposto esquema. Ele elogiou o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (Casa Civil).

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