Italiano que invadiu jogo com bandeira LGBTQ é banido da Copa do Qatar

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Publicado Quarta, 30 de Novembro de 2022 às 08:29, por: CdB

Organização do Mundial no Qatar veta acesso do torcedor a estádios do torneio. Italiano entrou no gramado com bandeira de arco-íris e camiseta com protestos contra repressão às mulheres no Irã e a guerra na Ucrânia.

Por Redação, com DW - de Doha

O italiano que invadiu o campo durante uma partida da Copa do Mundo do Qatar portando uma bandeira com as cores do arco-íris e vestindo uma camiseta em apoio a mulheres iranianas e à Ucrânia foi banido na terça-feira  de partidas neste Mundial.

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Organização do Mundial no Qatar veta acesso do torcedor a estádios do torneio

Ao invadir o gramado do estádio de Lusail, o homem, identificado como Mario Ferri, de 35 anos, vestia uma camisa azul com o símbolo do Super-Homem, trazendo os dizeres "respeito às mulheres iranianas" na parte da frente e "salvem a Ucrânia" nas costas. Ele percorreu o campo de jogo durante 30 segundos no segundo tempo da partida entre Portugal e Uruguai na segunda-feira, antes de ser agarrado e retirado do local pelos seguranças.

Após o Ministério do Exterior da Itália afirmar que Ferri foi liberado após ficar um breve período preso, o comitê organizador da Copa emitiu um comunicado confirmando que o italiano foi liberado logo após ser retirado do campo e anunciando que seu cartão oficial de acesso aos estádios do Catar foi cancelado.

"Como consequência de suas ações, e como de praxe, ele foi banido de comparecer a futuras partidas deste torneio", disse o Comitê Supremo para a Organização e o Legado da Copa do Qatar.

Direitos LGBTQ na Copa

O Mundial do Qatar é um dos mais controversos da história. A questão dos diretos LGBTQ e o uso da bandeira com as cores do arco-íris se tornaram um dos temas latentes na Copa do Mundo deste ano, realizada em um país onde a homossexualidade é ilegal.

Os capitães de várias seleções europeias planejavam usar braçadeiras com o lema One love ("um só amor") e com as cores do arco-íris durante o torneio, como parte de uma campanha em prol da diversidade. Eles, porém, retrocederam após serem ameaçados pela Fifa com punições disciplinares, inclusive com cartões amarelos.

Alguns torcedores também reclamaram por ser impedidos de portar itens com as cores do arco-íris nos estádios. Na última sexta-feira, o Qatar abrandou sua postura restritiva em relação ao tema e anunciou que torcedores que quisessem expressar apoio à comunidade LGBTQ com camisetas, bandeiras e símbolos semelhantes não deveriam mais ser incomodados pelos seguranças.

"Quebrar as regras por uma boa causa nunca é crime"

Ferri postou em seu perfil no Instagram imagens de dentro do estádio em Lusail, onde Portugal venceu o Uruguai por 2 a 0 na segunda-feira. A transmissão pela televisão mostrou apenas brevemente a invasão de campo.

Após seu ato de protesto, Ferri escreveu no Instagram que seu objetivo era enviar "mensagens importantes" e que "quebrar as regras por uma boa causa nunca é crime".

Este não foi o primeiro episódio do tipo protagonizado pelo italiano, que é ex-jogador de futebol. Em 2010, ele foi preso em Abu Dhabi, na final do Mundial de Clubes da Fifa, depois de invadir o campo com a mensagem "libertem Sakineh" em sua camiseta. Ele se referia a uma iraniana ameaçada de receber a pena de morte por apedrejamento.

Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, ele se infiltrou no gramado durante a partida entre Bélgica e Estados Unidos com as palavras "Salvem as crianças das favelas" em sua camiseta com o símbolo do Super-Homem.

Recentemente, Ferri ajudou crianças e mulheres a fugirem da guerra na Ucrânia para a Polônia. Como futebolista, ele jogou pela equipe do SP Tre Fiori, da República de San Marino.

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