Instituto lança dossiê sobre a letalidade policial que atinge crianças negras

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Publicado Sexta, 12 de Abril de 2024 às 14:57, por: CdB

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 83% das vítimas de letalidade policial no Brasil em 2022 eram negras e 76% tinham entre 12 e 29 anos. “O genocídio antinegro atinge especificamente a juventude porque é nessas pessoas que está concentrado o vigor físico, o vigor de trabalho, reprodutivo.


Por Redação, com ABr - de Brasília


O Odara - Instituto da Mulher Negra publicou um dossiê chamado “Quem vai contar os corpos?”: Dossiê sobre as mortes de crianças negras como consequência da atuação da Polícia Militar da Bahia. Produzido a partir da atuação do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, o documento apresenta histórias reais e dados sobre mortes de crianças e adolescentes em consequência de operações policiais na Bahia durante os últimos 13 anos.




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Dossiê conta as histórias de jovens e crianças assassinadas em ações policiais e as consequências para as famílias sobreviventes

– O objetivo é demonstrar o quanto a violência policial tem crescido e atingido de maneira letal as nossas crianças. É um documento que faz cair por terra o argumento mobilizado pelas polícias para justificar a morte dos jovens nos nossos territórios, uma vez que os agentes de segurança pública associam a imagem das vítimas ao envolvimento com o comércio ilegal de drogas – explica Lorena Pacheco, advogada e assessora jurídica do projeto.


O dossiê apresenta as história de Mirella do Carmo Barreto, Micael Silva Menezes, Geovanna Nogueira e Joel Conceição Castro, crianças e adolescentes assassinados em ações policiais na Bahia. O documento traz também dados sobre violência e letalidade policial na Bahia e no Brasil, aborda os impactos das mortes para as famílias das vítimas e apresenta uma série de recomendações para promover a reparação e o Bem Viver para a população negra.


Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 83% das vítimas de letalidade policial no Brasil em 2022 eram negras e 76% tinham entre 12 e 29 anos. “O genocídio antinegro atinge especificamente a juventude porque é nessas pessoas que está concentrado o vigor físico, o vigor de trabalho, reprodutivo. Quando atinge a juventude, se coloca em risco a continuidade do nosso povo como um todo”, afirma Daiane Ribeiro, também advogada e assessora jurídica do projeto.



Sobre o projeto


O projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar foi criado em 2014 e atua no apoio, articulação, fortalecimento e diálogo com as mães de jovens assassinados em decorrência da violência; sensibilização com adolescentes e jovens sobre violência policial, direitos humanos e construção de uma cultura de paz, através de oficinas ministradas nas escolas da rede pública de Salvador; e assessoria jurídica voltada às mulheres negras mães e familiares dos jovens assassinados e à atuação nos processos criminais decorrentes destes homicídios.

O dossiê 
“Quem vai contar os corpos?” já está disponível para leitura e download no site do Odara - Instituto da Mulher Negra, com versões em português, espanhol e inglês.





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