Guedes já prepara saída do governo, adianta filho ’01’

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Publicado Sexta, 11 de Fevereiro de 2022 às 11:41, por: CdB

Na tentativa de amenizar a gravidade da informação, o parlamentar acrescentou que depende do ministro "continuar dando a sua contribuição" ao governo. O senador elogiou, ainda, “as orientações” de Guedes na política econômica, mas deixou claro que há um cardápio eleitoral que o ministro precisará seguir. Entre eles, as medidas que aprofundam o déficit fiscal.

Por Redação - de Brasília
Coordenador de campanha do pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL) colocou em dúvida a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, em um eventual segundo mandato de Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar reconheceu, em entrevista ao diário conservador carioca O Globo que o papel exercido pelo chefe da equipe econômica é “cansativo”.
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Visivelmente desconfortável, Guedes posou ao lado de Bolsonaro em uma feira de passarinhos, na Granja do Torto
Na tentativa de amenizar a gravidade da informação, o parlamentar acrescentou que depende do ministro "continuar dando a sua contribuição" ao governo. O senador elogiou, ainda, “as orientações” de Guedes na política econômica, mas deixou claro que há um cardápio eleitoral que o ministro precisará seguir. Entre eles, as medidas que aprofundam o déficit fiscal. — Ele (Guedes) tem o senso de responsabilidade de buscar o meio-termo para que a política econômica não degringole o Brasil de vez, a médio e longo prazos, mas sabe da importância, em ano eleitoral, de ter um remédio mais amargo para segurar a inflação, reduzir o preço do dólar e gerar mais emprego. Eu não sei se ele seguiria no cargo em um segundo governo — adiantou Flávio Bolsonaro.

Desgastante

Ainda segundo o filho ’01’ do presidente “depende da disposição dele, que é cansativo. Você vê que o presidente Bolsonaro envelheceu muito, o Paulo Guedes também”. — É muito desgastante. Se ele quiser continuar dando sua contribuição, o presidente Bolsonaro vai indiscutivelmente topar na hora, mas não sabemos os planos pessoais dele — acrescentou. Paulo Guedes concorda com o ponto de vista do parlamentar e tem dito a interlocutores que, em caso de vitória de Bolsonaro em 2022, ele não descarta deixar o governo ou mesmo migrar de pasta.

‘PEC Kamikaze’

Não é segredo para ninguém que o relacionamento entre Guedes e Bolsonaro tem se esgarçado, nos últimos meses. Tanto o presidente quanto o ministro da Economia têm mostrado que pensam diferente quanto à agenda liberal defendida na campanha de 2018. O apoio de Flávio Bolsonaro à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, se aprovada, pode gerar um impacto de R$ 100 bilhões aos cofres públicos pontua o mais grave desentendimento entre setores do governo, ultimamente. A medida, apelidada pela equipe de Guedes de 'PEC Kamikaze', prevê a concessão de um auxílio a caminhoneiro na compra de diesel e a redução de impostos nos combustíveis. Questionado sobre por que assinou a PEC Kamikaze que contrariava a orientação de Guedes, ’01' disse que seguiu a orientação da Liderança do Governo na Casa. — Eu estava em Belo Horizonte, e quando eu saio eu vi a notícia que eu tinha assinado a PEC. No Senado, a assessoria faz tudo eletrônico. Não tinha conseguido me consultar na hora e como havia a orientação da liderança do governo de que seria favorável à PEC eles fizeram a assinatura digital. Então, a responsabilidade é minha. A PEC tem coisas positivas e negativas — desconversou.

Crise antiga

O desgaste entre o presidente e seu ministro não começou agora. Em outubro do ano passado, Bolsonaro precisou desmentir que Guedes estaria de malas prontas para deixar o governo, o que causou impacto na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Em um evento, no qual Guedes aparece visivelmente desconfortável, Bolsonaro disse que ele permanecerá no cargo até o fim de seu governo. — A gente vai sair junto, fica tranquilo. Bem lá na frente — disse o chefe do Executivo em entrevista a jornalistas no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília, ao lado do ministro, que havia enfrentado a primeira de uma série de debandadas de sua equipe. Bolsonaro visitou uma feira de expositores de passarinhos no Parque de Exposições da Granja do Torto e, na saída, recebeu Guedes na portaria do salão para falar com os jornalistas. — O Brasil foi um dos países que menos caiu. A gente deve ao Paulo Guedes, à sua competência e à sua liberdade para trabalhar — elogiou o presidente. Em retribuição, Guedes afirmou que o presidente é popular, e não populista, e que ele defende reformas e privatizações. Apenas algumas semanas depois, Bolsonaro voltou a desautorizar o ministro, em apoio às teses expansionistas do ‘Centrão’.
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