Grito dos Excluídos em São Paulo faz manifestação no Parque Ibirapuera

Arquivado em:
Publicado Quinta, 07 de Setembro de 2023 às 11:12, por: CdB

O protesto deixou de ser feito nos últimos dois anos. O motivo, enfatizou, foi "a violência, a intimidação do genocida", sugerindo que o clima de animosidade contra os movimentos populares foi estimulado pelo governo de Jair Bolsonaro.


Por Redação, com ABr - de São Paulo


Movimentos sociais realizaram nesta quinta-feira o 29° Grito dos Excluídos e Excluídas, que, este ano, tem como lema Você tem fome e sede de quê?. Os manifestantes do ato na capital paulista se concentraram na Praça Oswaldo Cruz e seguiram, em marcha, para o Parque Ibirapuera, perfazendo um trajeto de cerca de 3 quilômetros.




grito.jpg
Grupo reivindica justiça social para todos, diz Pastoral Operária

Nessa primeira hora, uma liderança mencionou, ao microfone, durante seu discurso, que o protesto deixou de ser feito nos últimos dois anos. O motivo, enfatizou, foi "a violência, a intimidação do genocida", sugerindo que o clima de animosidade contra os movimentos populares foi estimulado pelo governo de Jair Bolsonaro.


Outra liderança, uma mulher, afirmou que agentes de segurança pública tentaram impedir a realização do ato, hoje, aspecto que a Agência Brasil questionou à Secretaria da Segurança Pública, sem ainda ter retorno. Durante a concentração, um efetivo de cerca de 30 agentes faz o policiamento do local.


Com carro de som e bandeiras, os manifestantes defendem o nome de Guilherme Boulos para a prefeitura da capital. O que já têm em vista são as eleições de 2024.


Negra, Ivanete Araújo, uma das coordenadoras do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ), disse à reportagem que a pandemia de covid-19 evidenciou a fragilidade da parcela da população à qual pertence, mas que, por outro lado, o período fortaleceu a articulação dos movimentos sociais. "É super importante esse movimento na rua, o ato, fazer esse balanço diferente. Nesta data, deveríamos estar comemorando casas para todos, principalmente para a população em situação de rua, as mães solo, a conquista de emprego, creche para os nossos filhos, não sermos criminalizados porque fazemos luta em prol da moradia", argumenta.


– A favela aumenta, as mortes aumentam os nossos irmãos negros sendo condenados, a criminalização dos movimentos sociais. Esperamos que através do nosso ato a gente consiga, sim, chegar aos direitos que deveriam ser de todos – acrescentou ela.



Privatizações em SP


Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da Pastoral Operária Paulo Pedrini comentou que o lema deste ano sinaliza que o que se reivindica é justiça social para todos. Ele pontua que alguns pontos do município de São Paulo, em específico, como a área conhecida como Cracolândia, de onde partem muitas denúncias sobre violência policial contra usuários de drogas, têm chamado a atenção para o direito à cidade, que deveria ser garantido a todas as pessoas. "São Paulo está passando por um momento bem delicado. Houve cerceamento de alguns espaços", afirma.


Outra pauta dos movimentos, em destaque na manifestação desta quinta-feira, além da denúncia do genocídio negro e do pedido pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, é a oposição contra privatizações no estado. Segundo Pedrini, ao passar o controle de empresas para as mãos da iniciativa privada, frequentemente, o que se observa, em seguida, é a piora dos serviços. Em muitos casos, a alta de preços cobrados da população também acompanha a queda na qualidade do serviço prestado.


Na terça-feira, movimentos se articularam para lançar, na sede do Sindicato dos Bancários, um plebiscito que marca posição contrária à privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), do Metrô de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). "A gente vai estar discutindo isso com a população e coletando votos, no Grito dos Excluídos", explica Pedrini.


A organização do protesto também realizou, um café da manhã para pessoas em situação de rua, na Praça da Sé, coletando, ainda, roupas, sapatos e alimentos no local. Conforme ressaltou Pedrini, o padre Julio Lancellotti participa da ação.






Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo