Greve geral na França paralisa transportes e outros serviços

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Publicado Terça, 18 de Outubro de 2022 às 11:22, por: CdB

Sindicatos convocam ato para pressionar por aumentos salariais que acompanhem a inflação e protestar contra a intervenção do governo nas greves nas refinarias. O tráfego regional de trens foi reduzido pela metade, e cerca de 10% dos professores do ensino médio não compareceram às salas de aulas.

Por Redação, com DW - de Paris

Uma greve nacional convocada por vários sindicatos na França causou nesta terça-feira paralisações nos transportes, suspensão de aulas e atingiu também os hospitais públicos.
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Sindicatos convocam ato para pressionar por aumentos salariais
O ato visa pressionar o governo francês por aumentos salariais que acompanhem a inflação, em mais um capítulo das tensões entre trabalhadores e o governo da França, que está imersa em mais de três semanas de greves no setor petrolífero. Trabalhadores ferroviários e de outros setores dos transportes, alguns professores do ensino médio e funcionários de hospitais públicos atenderam a um apelo de um sindicato de trabalhadores do setor petrolífero para que a indústria francesa pressione por aumentos salariais e proteste contra a intervenção do governo nas greves nas refinarias. O tráfego regional de trens foi reduzido pela metade, e cerca de 10% dos professores do ensino médio não compareceram às salas de aulas. Há semanas, a greve nas refinarias tem causado escassez de combustíveis em todo o país. Impaciente e preocupado, o governo do presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu forçar os trabalhadores a voltarem a trabalhar nas distribuidoras – uma decisão que gerou críticas no país. Os grevistas conquistaram o apoio dos rivais políticos de esquerda do governo. Os líderes dos quatro principais sindicatos da França, CGT, FO, FSU e Solidaires, decidiram capitalizar com o descontentamento e a estagnação por uma solução no setor petrolífero e convocaram a greve nacional.

Um desafio para Macron

Os protestos desta terça-feira foram convocados depois que o sindicato de esquerda CGT rejeitou um acordo sobre um aumento salarial que a gigante petroleira TotalEnergies fechou com dois outros sindicatos na sexta-feira. Os sindicatos CFDT e CFE-CGC, que juntos representam a maioria dos trabalhadores franceses do grupo, concordaram com um aumento salarial de 7% e um bônus financeiro. A CGT queria um aumento salarial de 10%. A paralisação dos trabalhadores nas refinarias se tornou um dos maiores desafios do presidente Macron desde sua reeleição em maio. E à medida que as tensões aumentam na segunda maior economia da zona do euro, as greves se espalharam para outras áreas do setor de energia, incluindo a gigante nuclear EDF, onde os trabalhos de manutenção cruciais para o fornecimento de energia da Europa serão adiados. Em meio à crise, o governo deve aprovar o orçamento de 2023 apenas por meio do uso de poderes constitucionais especiais que permitiriam contornar uma votação no parlamento, conforme disse a primeira-ministra do país, Elisabeth Borne, no domingo.

Manifestações em toda a Europa

Milhares de pessoas já tinham ido às ruas no domingo para marchar contra o aumento dos preços. Entre os presentes nas ruas de Paris estavam o líder do partido de extrema esquerda La France Insoumise (A França Insubmissa), Jean-Luc Mélenchon, e a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, Annie Ernaux. Manifestações similares têm ocorrido em toda a Europa nos últimos meses, o alvo principal é o impacto da inflação. Milhares protestaram em Praga duas vezes no mês passado, especialmente contra a alta dos preços. Funcionários de companhias aéreas entraram em greve em países como Alemanha e Suécia, assim como funcionários ferroviários no Reino Unido, que exigiram que seus salários acompanhem o aumento do custo de vida. A inflação aumentou em todo o mundo à medida que as economias se recuperavam da pandemia de covid-19 e sofreu um crescimento exponencial quando a invasão russa da Ucrânia elevou os preços de alimentos e combustíveis. A inflação francesa atingiu 6,2% e é a mais baixa entre os 19 países que usam a moeda comunitária do euro, segundo a Eurostats, a agência de estatísticas da União Europeia (UE). Em comparação, a Estônia registrou no mês passado um aumento de 24% nos preços para o consumidor em relação a um ano atrás. A zona do euro como um todo registrou um aumento em torno de 10%.
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