A diretora executiva da entidade Maria Rosani Gregorutti, funcionária do Santander, foi detida durante manifestação no prédio onde ficam a diretoria e a administração do banco, na Zona Oeste
Por Redação, com ABr - de Brasília:
A paralisação nacional, que coincide com uma data de protestos contra o governo Michel Temer e em defesa de direitos, os bancários registraram adesão recorde na base de São Paulo e prisão de uma diretora do sindicato. Os representantes da categoria ainda aguardam retomada das negociações por parte da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Na próxima segunda-feira, o Comando Nacional dos Bancários vai se reunir para avaliar o movimento. Na quinta-feira, metalúrgicos fizeram paralisações e químicos do Estado de São Paulo entregaram pauta de reivindicações. Já os petroleiros iniciaram assembleias para discutir uma possível greve.
Balanço divulgado no final da tarde de quinta-feira pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região aponta 796 locais de trabalho, 780 agências e 16 centros administrativos, fechados. A entidade estima que 60 mil trabalhadores participaram das paralisações.
Prisão
Pela manhã do dia anterior, a diretora executiva da entidade Maria Rosani Gregorutti, funcionária do Santander, foi detida durante manifestação no prédio onde ficam a diretoria e a administração do banco, na Zona Oeste. "Truculência não resolve campanha", reagiu a presidenta da entidade, Juvandia Moreira. "O sindicato não vai aceitar isso nem qualquer tipo de agressão a bancários ou dirigentes sindicais."
De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 13.159 agências, 55% do total do país, tiveram atividades paralisadas. "Sem desmobilizar a nossa greve específica, que chegou ao seu 17º dia forte na quinta-feira, participamos de atos e manifestações classistas por todo o Brasil. Fechamos os centros administrativos dos três principais bancos privados em São Paulo e o prédio Matriz da Caixa em Brasília. Foi um movimento histórico e necessário", afirmou o presidente da entidade, Roberto von der Osten, o Betão.
O número de agências fechadas foi ligeiramente inferior (-1,78%) ao da véspera, o que Betão atribui ao aumento da truculência, citando o caso da prisão em São Paulo e interditos proibitórios (ações judiciais) em alguns locais. Mas o movimento segue forte, acrescentou, ao destacar paralisação em três grandes centros administrativos em São Paulo (Bradesco, Itaú e Santander), mobilizando 25 mil bancários.
O dirigente também nota diferença de postura patronal nas negociações deste ano. "Tem sinais de que a Fenaban pretende aderir a essa tese de que tem de reduzir salário", afirmou, referindo-se a uma possível premissa do novo governo para combater a inflação. "Mas não vamos aceitar."
Betão citou o Plano Real, em meados dos anos 1990, com suas "âncoras" cambial, monetária e salarial. Funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, por exemplo, ficaram oito anos sem reajuste salarial, apenas recebendo abonos, até 2002.
ABC
Entre os metalúrgicos do ABC paulista, o sindicato da categoria afirmou que funcionários de 22 empresas interromperam atividades durante a manhã, nas cidades de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Segundo a entidade, a mobilização reuniu aproximadamente 8 mil trabalhadores. Apenas em São Bernardo, foram 5 mil metalúrgicos de 12 empresas, incluindo duas montadoras (Scania e Toyota).
– Está em curso um golpe que tem como foco uma mudança estrutural no país, que passa pela retirada e redução de direitos básicos como Previdência, jornada de trabalho, verbas para saúde e educação– afirmou o presidente do sindicato, Rafael Marques. "Grande parte do que se conquistou no Brasil é fruto do nosso trabalho, da nossa luta. Se houver necessidade, se os direitos da classe trabalhadora continuarem em risco, os metalúrgicos do ABC estão prontos para a greve geral."
Já os químicos, que também participaram das atividades, entregaram a pauta de reivindicações referente à campanha salarial aos negociadores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A campanha envolve bases da CUT e da Força Sindical, com data-base em 1º de novembro. O Sindicato dos Químicos do ABC (CUT) promoveu hoje atraso de duas horas nas entradas dos turnos nas fábricas da Ortobom (São Bernardo), Davene (Diadema) e Solvay (Santo André).
Também em campanha salarial (a data-base é 1º de setembro), os petroleiros aderiram ao movimento e fizeram assembleias e manifestações para discutir a organização de uma possível greve da categoria. Proposta da Petrobras já foi rejeitada em unidades na Bahia, Paraná, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Santa Catarina e Duque de Caxias (RJ).