Governo provisório envia negociadores a Falluja

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Publicado Sábado, 10 de Abril de 2004 às 06:21, por: CdB

 Um comandante militar americano no Iraque disse neste sábado que seus soldados estão prontos para um cessar-fogo na cidade de Falluja, caso os militantes sunitas atuantes na cidade façam o mesmo.

Logo depois das palavras do general americano Mark Kimmitt, uma equipe do governo provisório iraquiano, apontado pelos Estados Unidos, entrou na cidade para dialogar com líderes locais.

Segundo informações, os integrantes do governo iraquiano estariam "furiosos" por não terem sido consultados a respeito da ofensiva em Falluja e outras operações lideradas pelos Estados Unidos contra militantes sunitas e xiitas.

Isso levou o governo provisório a demandar um cessar-fogo imediato entre americanos e os grupos rebeldes.

Centenas de civis foram mortos em Falluja nos últimos seis dias, enquanto mulheres e crianças tentam deixar a cidade.

Em uma entrevista coletiva realizada em Bagdá, Kimmitt afirmou que os americanos aguardam um "cessar-fogo bilateral no campo de batalha, para que os diálogos sejam iniciados".

"Espero levar essa mensagem ao inimigo", disse o general.

Segundo o general, no entanto, os seus soldados sempre terão o direito de se defender.
Um porta-voz do governo provisório do Iraque disse à BBC que a crise poderia ter sido evitada.

Um integrante sunita do governo provisório, Ghazi Ajil al-Yawer, afirmou estar preparado para renunciar por causa da crise em Falluja.

"Como uma superpotência como os Estados Unidos podem se colocar em um estado de guerra em uma cidade tão pequena quanto Falluja?", indagou.

Dois integrante da administração interina do Iraque renunciaram na sexta-feira.

Os confrontos continuam em Falluja neste sábado. Os americanos afirmam que só estão reagindo se atingidos pelas milícias.

Também no sábado, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi chegou à cidade de Nasiriya, no sul do Iraque, para visitar as tropas da Itália.

A visita acontece quando milhares de peregrinos xiitas se reúnem na cidade de Kerbala, também no sul, para o festival religioso de al-Arbaeen.

A cidade está sendo controlada por simpatizantes do líder xiita Moqtada Sadr, que exige a retirada das tropas aliadas dos Estados Unidos do Iraque.

Em poder dos militantes estão três civis japoneses, dois palestinos e um canadense.
Soldados americanos e italianos também teriam desaparecido, mas a informação não foi confirmada.

O secretário de Estado americano Colin Powell reconheceu na sexta-feira que a resistência de milícias sunitas e xiitas à ocupação liderada pelos americanos no Iraque está sendo mais forte do que a esperada.

Os Estados Unidos anunciaram as mortes de pelo menos 42 de seus soldados no Iraque desde o domingo passado. Desde o início da ocupação, mais de 600 soldados já morreram.

O presidente americano, George W. Bush, telefonou na sexta-feira para líderes de alguns dos principais países que fazem parte da força de coalizão - El Salvador, Espanha e Polônia - para discutir a escalada da violência.

O ministro do Exterior da Grã-Bretanha, Jack Straw, disse que a coalizão militar está enfrentando sua "mais séria" ameaça desde o final oficial da guerra no Iraque, em maio do ano passado.

Por outro lado, a Rússia pediu aos Estados Unidos que abandone o que qualificou de "uso desproporcional de força" no Iraque.

O governo de Moscou também disse que a ONU (Organização das Nações Unidas) não deve se envolver nos esforços para manter a paz no Iraque até que os Estados Unidos restabeleçam a segurança no país.

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