O Palácio do Planalto avisou nesta terça-feira à cúpula peemedebista que as negociações sobre a reforma ministerial só serão retomadas a partir de novembro.
O principal motivo para a protelação das conversas é a agenda de viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula Silva. O encontro desta terça-feira marcaria o reinício da discussão sobre a participação do partido no governo.
Durante almoço com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder da bancada na Casa, Renan Calheiros (AL), o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, avisou que Lula estará fora do País em três viagens intercaladas ao longo das próximas três semanas.
"O tempo é do presidente Lula", disse Calheiros a jornalistas, ao lembrar que o presidente tem viagem marcada para a Argentina, Espanha e África. Com isso, os entendimentos sobre a escolha dos nomes e cargos não teriam como evoluir ainda este mês.
A definição sobre a participação do PMDB no governo só deverá ocorrer em encontro no próximo mês, entre o presidente Lula e toda a cúpula peemedebista.
A permanência direta do presidente em Brasília é condição para a costura da reforma ministerial já que a palavra final será dele. A intenção do Planalto é aproveitar a entrada do PMDB no governo para promover uma mudança estrutural na Esplanada dos Ministérios, reduzindo o número de pastas e substituindo ministros com o desempenho abaixo do esperado.
Nomes de ministros e pastas sujeitas a mudanças chegaram a ser ventiladas no almoço mas não houve avanços. O resultado da conversa não chegou a desagradar os peemedebistas, mas alguns deles sentiram-se desconfortáveis uma vez que a rápida efetivação do partido no governo só traria ganhos ao PMDB.
Reformas
Desde o início das articulações, no entanto, o governo vem afirmando que a reforma ministerial só iria acontecer no final do ano depois da aprovação das reformas previdenciária e tributária. "A conversa serviu para reforçar o caráter estratégico da aliança e para começar a conversa efetiva", disse um evasivo Calheiros.
No último encontro, Lula pediu que a partir deste mês os peemedebistas começassem a pensar em nomes e cenários. O PMDB quer três ministérios e tem preferência pelas pastas das Comunicações, Transportes e Cidades.
A votação das reformas em tramitação no Senado também concentrou as atenções do encontro. A preocupação do Planalto é reiterar o compromisso de aliança com o PMDB e com isso garantir os votos para a aprovação das matérias.
Na reunião, o PMDB reafirmou que irá defender a mudança no subteto do salário dos governadores. O governo está se preparando para uma nova batalha contra a oposição na Comissão de Constituição e Justiça sobre o texto previdenciário.
Após a apresentação das emendas de plenário, a matéria retorna à comissão para uma nova votação, que poderá ser longa em função da apresentação de novos destaques dos oposicionistas.
Para discutir o assunto, Dirceu marcou uma reunião dos peemedebistas com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o relator Tião Viana (PT-AC) e o líder do governo na Casa, Aloizio Mercadante (PT-SP). A reforma tributária também será objeto de negociação em um outro encontro entre o partido e o governo.
As reformas também serão discutidas hoje durante reunião do presidente Lula com os líderes dos partidos aliados na Câmara e no Senado. A ocasião poderá também ser aproveitada para iniciar as negociações sobre a campanha eleitoral do ano que vem. O presidente sonha em fechar uma acordo para evitar a troca de agressões entre os partidos governistas na disputa pelas prefeituras.