O presidente do PT, José Genoino, afirmou nesta quarta-feira que o partido "não será conivente nem omisso" com o deputado Virgílio Guimarães (MG), que mantém sua candidatura à presidência da Câmara à revelia da decisão da bancada.
Em entrevista à Reuters, Genoino enfatizou que o partido busca coerência partidária, defende o respeito às decisões da bancada e ao candidato oficial, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).
- Se o Virgílio não quer isso, ele quem está trilhando o caminho dele. Ele é que está fazendo uma escolha de se distanciar do partido - disse o presidente petista, sem sinalizar eventuais punições ao deputado mineiro. Genoino acrescentou, no entanto, que a associação ao PT é voluntária, "para entrar, sair ou ficar".
Genoino lembrou outros petistas que se desfiliaram do partido por discordarem de orientações da bancada, mas não fez citações específicas.
O PT já perdeu de seus quadros o deputado Fernando Gabeira (RJ), hoje no PV, que saiu do PT contrariado com a liberação de plantio da soja transgênica pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2003, o PT expulsou de seus quadros quatro parlamentares, a senadora Heloisa Helena (AL) e os deputados João Fontes (SE), Luciana Genro (RS) e Babá (PA) por votarem contra orientação da bancada na reforma da Previdência.
- Nós temos que manter a coerência enquanto projeto de partido para não virarmos uma legenda que acomoda lideranças e interesses individuais - disse Genoino.
Greenhalgh foi escolhido candidato da bancada do PT por consenso após os postulantes ao cargo, entre eles Virgílio Guimarães, desistirem a favor do deputado paulista. Desgostoso com o processo e inflamado por um movimento de deputados do baixo clero (parlamentares com pouca visibilidade), Virgílio voltou atrás e lançou-se avulso.
Além de Virgílio e Greenhalgh, concorrem à presidência os deputados, José Carlos Aleluia (PFL-BA), Jair Bolsonaro (PFL-RJ) e Severino Cavalcanti (PP-PE). A votação está marcada para 14 deste mês.