Fronteira de Gaza é fechada e retorno de brasileiros é adiado

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Publicado Sexta, 10 de Novembro de 2023 às 12:01, por: CdB

Fronteira entre Gaza e Egito volta a ser fechada antes da partida de grupo de 34 brasileiros, que esperava deixar enclave palestino alvo de bombardeios nesta sexta-feira.


Por Redação, com DW - de Gaza


O governo brasileiro informou que o Egito voltou a fechar a fronteira com Gaza nesta sexta-feira.


Mais cedo, a embaixada brasileira na Palestina divulgou a sétima lista com autorizados a cruzar a fronteira, incluindo o grupo de 34 brasileiros que estavam sendo monitorados pelo governo. Poderão sair 24 brasileiros e 10 palestinos que estão em processo ou darão início à imigração.




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A passagem de Rafah é principal ponto de saída de Gaza e está restrita

Ao todo, 588 pessoas estão autorizadas a deixar a Faixa de Gaza pela nova lista. Além dos 34 que integram o grupo brasileiro, a relação contempla cidadãos de Estados Unidos (14), Canadá (265), Romênia (101), Indonésia (6), Polônia (26), Rússia (82), Índia (7), Albânia (14), China (10), Dinamarca (5), Alemanha (8), Holanda (2), Nova Zelândia (12) e Malásia (2).


Não há informação de quando o grupo cruzará a fronteira. Um avião do governo brasileiro está em Cairo, capital do Egito, esperando para trazer o grupo ao Brasil.


Palestino naturalizado brasileiro, Hasan Rabee publicou, às 2h52 de Brasília, uma foto em seu perfil no Instagram. Ele está na passagem entre Rafah (Gaza) e Egito e escreveu: “Na fronteira esperando a abertura”.



O grupo aguarda no posto de fronteira


Segundo o Itamaraty, o grupo aguarda no posto de fronteira na cidade de Rafah desde às 7h da manhã (horário local). O Itamaraty informou ainda que o grupo aguarda os "trâmites necessários para a entrada no Egito e posterior repatriação para o Brasil".


Após receber o alerta de que a autorização seria enviada, o Itamaraty se apressou em enviar diplomatas para receber o grupo na fronteira. Um avião cedido pela Presidência da República, que aguarda há semanas do lado egípcio está autorizado a partir do Cairo para Al Arish, um aeroporto a 50 quilômetros de Gaza.


A Embaixada do Brasil no Egito, informou que a necessidade de atendimento médico será avaliada logo após os brasileiros entrarem no país, ainda em Rafah. O governo egípcio montou um hospital de campanha no local para atender os estrangeiros. O grupo será recebido por uma equipe de diplomatas e pelo embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto.


A partir de Rafah, é possível que o grupo siga em um ônibus até o aeroporto de El Arish, para embarcar no avião presidencial. A aeronave fará escalas no Cairo, Roma, Las Palmas, Recife antes de chegar ao destino final, Brasília.


Há também a possibilidade de o grupo prosseguir em um ônibus até Cairo em uma viagem de entre cinco e seis horas, e embarcar no aeroporto da capital. Dependendo do horário da entrada no Egito, é possível que o grupo passe a noite El Arish ou no Cairo e viaje ao Brasil no dia seguinte.


Bombardeios e falta de recursos


Israel reagiu aos ataques terroristas com intensos bombardeios a alvos em Gaza e, mais tarde, ccom o envio de tropas por terra, como parte de sua campanha militar que visa derrotar o grupo terrorista palestino. A ação israelense já teria deixado mais de 10 mil mortos, segundo Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. Mais de 200 pessoas são mantidas como reféns pelos terroristas.


Os brasileiros e as agências de ajuda humanitária em Gaza relatam falta de água potável, eletricidade, alimentos e remédios devido ao cerco imposto por Israel ao enclave. Segundo a ONU, a ajuda humanitária autorizada a entrar é insuficiente para cobrir as necessidades de cerca de 2,2 milhões de habitantes do território palestino.


Inicialmente, um grupo de 22 brasileiros foi abrigado em uma escola católica na Cidade de Gaza. Mas, após expirar o prazo dado pelas Forças de Defesa de Israel para a evacuação da cidade antes da ofensiva militar, o grupo foi levado de ônibus até a cidade de Khan Younis, na região sul do enclave, próxima à fronteira com o Egito.


Desde então, o grupo aguardava liberação para poder atravessar o posto na cidade de Rafah, que é controlado pelo Egito, e seguir para o Brasil.


Tensões entre Brasil e Israel


A demora e os atrasos na operação geraram incômodo entre diplomatas brasileiros. Segundo o portal de notícias G1, a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ao governo de Israel que se algo acontecer com os brasileiros na zona de conflito, as relações diplomáticas entre os dois países se tornarão insustentáveis.


Uma nova rodada de negociações com Israel teria envolvido o chanceler Mauro Vieira, o assessor especial Celso Amorim, e o próprio presidente Lula. O Brasil enfatizou ter sido uma das primeiras nações a entregar uma relação de seus cidadãos que estão em Gaza aguardando repatriação.


Segundo apurou o G1, o Itamaraty tem ressaltado o peso do Brasil na América Latina, e o ambiente controverso e crítico ao modo como Israel tem conduzido a resposta ao atentado do grupo terrorista Hamas.


O recado de Lula a Israel destacou que países sul-americanos como o Chile, já determinaram o retorno de seus embaixadores por discordarem da reação israelense, que vem sendo bastante contestada internacionalmente.


O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou em um vídeo divulgado nesta quarta-feira que seu país fazia "tudo que está ao seu alcance para articular a saída dos brasileiros de forma segura e o mais rápido possível". Ele acusou o Hamas de impedir estrangeiros de saírem no domingo, na segunda-feira e na quarta-feira desta semana.


No entanto, o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto disse que a situação vinha dependendo de uma autorização das autoridades israelenses. "Para o governo egípcio, segundo nos foi dito mais de uma vez, não há qualquer dificuldade para autorizar imediatamente a entrada dos brasileiros no Egito, no entendimento de que eles irão em seguida para o Brasil", afirmou, na semana passada.




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