Exposição conta, no Rio de Janeiro, história dos periódicos do Brasil

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Publicado Sexta, 14 de Julho de 2023 às 11:39, por: CdB

Quem visitar a mostra vai encontrar uma variedade de estilos, formas e conteúdos. As curadoras Stéfani da Silva Salgado, Raquel Ferreira e Maria Angélica Bouzada dividiram as obras em cinco módulos. 


Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro


A Fundação Biblioteca Nacional abriu nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, a exposição Uma janela para o armazém de periódicos. Cerca de 80 itens do acervo foram selecionados para contar a história da Coordenação de Publicações Seriadas, setor da biblioteca que completou 100 anos em 2022, e que abriga a maior e mais antiga coleção de periódicos do país (no total, são mais de 81 mil títulos e 372 mil volumes). 




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Imprensa negra, LGBT, feminista e títulos infantis são os destaques

Quem visitar a mostra vai encontrar uma variedade de estilos, formas e conteúdos. As curadoras Stéfani da Silva Salgado, Raquel Ferreira e Maria Angélica Bouzada dividiram as obras em cinco módulos. 


No que trata dos veículos de comunicação impressos, surpreende, por exemplo, a diferença de tamanho entre o jornal Vossa Senhoria e o Jornal do Commercio. O primeiro podia ser folheado com poucos dedos: era considerado o menor do mundo pelo Guinness World Records. Em 1935, foi publicado nas dimensões de 9 cm x 6 cm. Em 1996, passou a ter 3,5 cm x 2,5 cm. O outro jornal, fundado em 1827 e um dos mais antigos do país, media aproximadamente 75,5 cm x 59 cm. 



Diversidade


Quando se fala em temas, a diversidade é outra característica marcante do acervo. Periódicos infanto-juvenis, LGBTQIA+, religiosos, do movimento negro, de trabalhadores, de grupos políticos e imigrantes estrangeiros são alguns dos destaques. Cada um ajuda a conhecer melhor as diferentes realidades sociais do país ao longo dos anos. 


Em tempos de facilidade digital e online dos acervos, a exposição foi pensada para também estimular a curiosidade do público com os suportes materiais da memória nacional. 


– A gente espera que com essa exposição as pessoas consigam tirar um pouquinho o rosto do computador. As plataformas digitais, como a nossa hemeroteca, trazem muitas facilidades, mas existe também o impresso que pode ser consultado dentro das devidas questões de preservação de cada material. E é importante lembrar que tem muito material guardado na Biblioteca Nacional que ainda não está digitalizado, porque tem questões de direitos autorais – diz Stéfani Salgado, uma das curadoras da exposição. 



Imprensa negra


No módulo sobre fragmentos sociais brasileiros, o destaque é o jornal O Mulato ou O Homem de Cor, criado em 1833 por Francisco Paula Brito. Ele é considerado o primeiro periódico da imprensa negra no Brasil, dedicado à luta contra o racismo e em defesa da abolição da escravidão. Nesse sentido, também está exposta uma edição especial em cetim do A Cidade do Rio, veículo impresso do abolicionista José do Patrocínio, que lutava por impulsionar ideias de emancipação dos escravos junto à opinião pública. 


Outros acontecimentos importantes da história brasileira estão representados nas páginas dos jornais em exibição. Um exemplar da Revista de Antropofagia - publicada entre 1928 e 1929, traz o Manifesto Antropófago, símbolo do movimento modernista brasileiro. 



Suicídio de Getúlio Vargas


Uma edição do Última Hora, jornal de Samuel Wainer, de agosto de 1954, anuncia o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Rio. Um número da Pif-Paf lembra da revista de humor e crítica política lançada por Millôr Fernandes em maio de 1964, poucas semanas depois do golpe militar. 


As mulheres e o movimento feminista estão representados pelo O Jornal das Senhoras, lançado por Joanna Paula Manso, em 1852. Foi o primeiro periódico editado por mulheres no Brasil. A revista Walkyrias, lançada em 1934, era dirigida pela jornalista Jenny Pimentel de Borba, e tratava de questões do movimento feminista e da emancipação feminina. 


Grupos marginalizados e vítimas de discriminação ganharam voz por meio de periódicos. O jornal Beijo da rua, criado a partir do I Encontro Nacional de Prostitutas, em 1987, trazia reivindicações de direitos para o grupo. 



Lampião da Esquina


A revista Femme, do Grupo de Conscientização e Emancipação Lésbica de Santos, produzida entre 1993 e 1996, contava com a participação de mulheres de diversos pontos do país. O jornal Lampião da Esquina, voltado para o público homossexual, circulou entre os anos de 1978 e 1981. 


Para o coordenador do setor de periódicos da Biblioteca Nacional, Alex da Silveira, a exposição é um dos primeiros passos no sentido de aproximar novos públicos da instituição. Ao despertar o interesse pelo acervo, ele deseja transformar novamente os corredores da biblioteca em espaços de sociabilidade e troca de conhecimento. 


– A gente sente falta daquele contato entre os usuários e os pesquisadores aqui na biblioteca. Temos novas gerações que nunca tiveram contato com o acervo material, só o digital. E é uma das nossas preocupações pensar em como recuperar esse espaço de consulta presencial e possibilitar que os pesquisadores possam trocar ideias entre si – diz Alex, coordenador de Publicações Seriadas. 



Serviço 


Exposição Uma janela para o armazém de periódicos 


Data: de 14/07 a 13/09/23 
Horário: 2ª a 6ª feira, 10h às 17h 
Local: Biblioteca Nacional 
Endereço: Av. Rio Branco, 219 – Centro - Rio de Janeiro
Entrada gratuita



Edição digital

 

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