Publicado Quarta, 10 de Novembro de 2021 às 08:59, por: CdB
A notícia chega um dia depois de a ONU ter denunciado a captura de 22 funcionários na capital Adis Abeba (seis dos quais já foram soltos) e poucas semanas após o governo ter expulsado sete diplomatas das Nações Unidas sob a acusação de ingerência em assuntos internos.
Por Redação, com ANSA - de Semera
As autoridades da Etiópia prenderam 72 motoristas do Programa Mundial de Alimentação (PMA) das Nações Unidas em Semera, no norte do país, região que é teatro de uma guerra entre tropas federais e rebeldes da etnia Tigré.
As autoridades da Etiópia prenderam 72 motoristas do Programa Mundial de Alimentação
A notícia chega um dia depois de a ONU ter denunciado a captura de 22 funcionários na capital Adis Abeba (seis dos quais já foram soltos) e poucas semanas após o governo ter expulsado sete diplomatas das Nações Unidas sob a acusação de ingerência em assuntos internos.
– Confirmamos que 72 motoristas terceirizados contratados pelo PMA foram presos em Semera. Estamos em contato com o governo da Etiópia para entender as razões por trás de sua detenção – disse um porta-voz da ONU.
Semera é capital de Afar, região vizinha a Tigré, que é dominada pela etnia homônima e concentra os conflitos com as tropas de Adis Abeba. "Estamos pleiteando com o governo para garantir sua segurança e total proteção a seus direitos humanos e legais", acrescentou o porta-voz Na semana passada, a Etiópia havia declarado estado de emergência por causa da iminente entrada na capital de rebeldes do Exército de Libertação Oromo (OLA), grupo que representa a mesma etnia do premiê Abiy Ahmed, mas se aliou à Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) na luta contra o governo central.
Tigré
Vencedor do Nobel da Paz em 2019 por causa da pacificação com a vizinha Eritreia, Ahmed enviou tropas para Tigré em novembro de 2020, como reação a ataques rebeldes contra postos do Exército.
Apesar de o premiê ter prometido uma vitória rápida, a TPLF conseguiu se reorganizar e, a partir de junho, passou a reconquistar territórios que haviam sido tomados pelas tropas federais, chegando inclusive às regiões vizinhas de Afar e Amhara.
O conflito desencadeou uma crise humanitária em Tigré, com centenas de milhares de pessoas vivendo na fome por causa da falta de ajudas. A TPLF foi dominante na política etíope até a ascensão de Ahmed, em 2018, mas diz ter sido marginalizada pelo primeiro-ministro, além de ser contra o acordo de paz com a Eritreia.
Já o OLA, que combatia o governo na região de Oromia, fechou uma aliança com a TPLF em agosto passado, o que, segundo analistas, pode indicar o caminho para uma possível secessão de Tigré em caso de queda de Ahmed.