Especialista desmente mitos e boatos sobre varíola dos macacos

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Publicado Quinta, 22 de Setembro de 2022 às 09:29, por: CdB

A infecção se dá através do contato pessoal e prolongado com uma pessoa contaminada. “Essa doença causa lesões na pele que contêm o vírus. Se você tem contato muito próximo e prolongado com essa pessoa, você também vai contrair o vírus”, explica Ribeiro.

Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília

De maneira lenta, porém constante, os casos de varíola dos macacos (monkeypox) vêm aumentando no Distrito Federal semana a semana. Desde o último informe epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (SES) no último dia 15, já são 10 novos casos já no início desta semana.
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Bergmann Ribeiro é virologista e professor do Departamento de Biologia Celular da UnB
Desse total, 241 são casos confirmados por testes realizados em laboratório; outros 14, são prováveis casos que continuam sendo monitorados pela SES. O Brasil de Fato conversou com o professor do Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Morais Ribeiro. Ele explicou como o vírus que causa a doença é transmitido, os sintomas que ele causa e esclareceu mitos e boatos que circulam por aí. Ribeiro conta que a monkeypox foi identificada pela primeira vez em uma colônia de macacos na Dinamarca, em 1958. Já o primeiro caso em humano foi diagnosticado em 1970 no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo. – É uma doença endêmica daquela região e de tempos em tempos acontecia de pessoas que saíam da África em direção à Europa e Estados Unidos estarem infectadas com o vírus. Recentemente ele começou a se espalhar pelo mundo – explica Ribeiro. O especialista acrescenta ainda que a monkeypox é uma zoonose, “uma transferência de vírus de animal para humanos, sendo que o ser humano também pode transmitir para outras pessoas e animais”, inclui.

Contágio

A infecção se dá através do contato pessoal e prolongado com uma pessoa contaminada. “Essa doença causa lesões na pele que contêm o vírus. Se você tem contato muito próximo e prolongado com essa pessoa, você também vai contrair o vírus”, explica Ribeiro. Além das lesões na pele, que podem aparecer inclusive nas regiões genitais, a doença causa febre, dores de cabeça, musculares e nas costas, fadiga e cansaço, e ínguas.

Mitos

O pesquisador esclarece um mito a respeito da necessidade de isolamento social para evitar o contágio. Apesar de a principal via de transmissão da monkeypox não ser a aérea, como acontece como a covid-19, por exemplo, a pessoa infectada deve evitar o contato com outras pessoas. “As vesículas na pele (feridas) duram até três semanas. Neste período a pessoa infectada pode transmitir o vírus, então é indispensável que ela fique isolada”, esclarece. Outro boato é quanto à transmissão. O último informe epidemiológico da SES detalha que dos 255 infectados, 246 são homens e apenas 9 mulheres. Dados como esses levam o público a acreditar erroneamente que a transmissão só ocorre entre homens que têm contato com outros homens, principalmente relações sexuais. Ribeiro afirma que a informação é falsa. “Não é somente pelo contato sexual que se contrai a doença, há também o contato pele a pele, seja por aperto de mão, abraço, você pode pegar essa doença através desse contato pessoal. Esse vírus pode ficar no ambiente também. Então, se a pessoa tem lesão e compartilha cama, toalha de banho e outros objetos, tudo isso vai estar infectado”. A taxa de letalidade da monkeypox é baixa. De acordo com o professor, a variante que está circulando no Brasil causa apenas 1% de mortes na África, onde é endêmica. “A monkeypox pode ser mais problemática para grávidas, crianças, idosos e pessoas com problema de defesa imunológica. Mas, de uma forma geral, ela não é uma doença mais letal que o coronavírus, por exemplo”, conclui.
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